O valor da família está diretamente ligado à necessidade de o Ser humano estabelecer relações afetivas estáveis e duradouras, fundamentais para o desenvolvimento psíquico da pessoa. Não existe um conceito de família único e globalizado, mas antes uma diversidade de formas, conceitos e também de significados.
Independentemente das composições familiares, seja família nuclear, família extensa, família monoparental, casais sem filhos, família unipessoal, família homoafetiva, família reconstituída, nesta diversidade o fundamental prende-se com a qualidade destas ligações e a forma como são exercidas as funções dos seus elementos, seja entre adultos ou entre estes eos jovens e crianças. Estas funções devem ser alicerçadas no cuidado, no afeto e no respeito.
As famílias são constantemente desafiadas por crises, que podem ser momentos de mudança próprios do ciclo da vida, como por exemplo a formação do casal, o nascimento de um filho, a entrada das crianças para a escola, a adolescência dos filhos ou a autonomização destes, quer por situações acidentais, como uma situação de desemprego, uma doença, uma mudança de cidade. São também desafiadas diariamente por um mundo altamente tecnológico e globalizado, pelas atuais formas alternativas de comunicação, por um mercado de trabalho muito competitivo, pela dificuldade em definir e gerir os papéis que homem e mulher têm de assumir dentro e fora de casa. Estes desafios, naturais ou acidentais, constituem fontes de stress para a família.
A investigação em saúde psicológica, aponta para “forças familiares” que contribuem para uma maior resiliência e adaptação perante crises e stress, nomeadamente: características familiares internas, como a união (compromisso, colaboração e suporte), espiritualidade (propósito, conexão), padrões de comunicação positiva (clareza e partilha), proximidade familiar (passarem tempo juntos), uma atitude positiva (pensamentos positivos, humor, tempo de lazer, e viver o presente), a flexibilidade e a consistência (rotinas familiares), assim como recursos familiares externos, como a existência de suporte social (ex.: família alargada, amigos, grupos da comunidade). Estas forças favorecem o conforto em momentos de adversidade, tornam os eventos inesperados menos ameaçadores, e promovem a aceitação de situações que não podem ser alteradas. Permitem ainda que um momento de crise familiar possa tornar-se em ocasião de mudança, crescimento e transformação.
Cuide da sua Família e invista nas suas “forças”.
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os Açorianos!
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Carla Rocha *
- Vogal da Direção da Delegação Regional dos Açores