Não há dia que abramos o jornal e não observemos um clima de frustração crescente e intenso vindo dos mais diferentes quadrantes geográficos e sociais. É um fenómeno, podemos considerar, local e global, a que não estarão alheios os meios de difusão e divulgação globais e instantâneos, como as redes sociais e plataformas digitais.
Lemos e engolimos em seco que o mundo está mais inseguro, mais perigoso. Mas logo no momento seguinte um título promete futuro, esperança e prosperidade. Em que ficamos, pois? É difícil entender para onde vai pender a humanidade, os seus desafios e caprichos. Em quê, ou quem, devemos acreditar, se a informação nos tolhe intensamente a cada hora que passa. Um conferencista diz-nos que devemos desacelerar as nossas vidas, para logo de seguida nos dizer que a mudança é inevitável e que nos devemos preparar para ela a todo o momento.
A intensidade dos acontecimentos dos últimos anos assusta. Lembrem-se da sequência de Pandemia de Covid-19 (acontecimento global); conflito russo-ucraniano (acontecimento internacional); incêndio no HDES (acontecimento local). São eventos que estiveram sempre fora do pensamento de qualquer um, mas que, além de reais, demonstraram os seus efeitos impactantes e devastadores.
Acreditemos que tudo sempre correrá pelo melhor. Contudo, não descuremos as responsabilidades que pendem sobre cada um de nós, e sobretudo as imponderabilidades do que o futuro pode ter reservado. O futuro é uma caixa de surpresas. Pode virar caixa de Pandora num instante.
Luís Soares Almeida*
- Professor de Português
[email protected]