Portugal continua a ser um dos países da União Europeia (UE) onde mais tempo se trabalha até à reforma, superando a média dos 27.
Segundo os dados divulgados agora pelo Eurostat, em 2023, o tempo médio de vida ativa em Portugal subiu para 39,1 anos, quase um ano a mais em relação à média de 2022, quando os portugueses trabalhavam, em média, 38,3 anos até se aposentarem.
Estes valores colocam Portugal em 7.º lugar entre os 27 Estados-membros onde mais anos se trabalha (em 2022 ocupava a 8.º posição). Além disso, a carreira média em Portugal dura mais de dois anos do que a média da UE, que se cifrou nos 36,9 anos.
Em Portugal trabalha-se mais anos do que em países como Roménia e Itália, onde o número médio de anos de trabalho não supera os 33 anos, ou até mesmo Croácia, Grécia, Bulgária e Bélgica, onde a vida ativa não vai além dos 35 anos.
Em sentido contrário, trabalha-se menos em Portugal do que em países como Irlanda, Estónia e Noruega, onde um profissional tem de trabalhar mais de 40 anos até se reformar.
A duração média da vida ativa a nível nacional aproxima-se mais da registada na Alemanha e na Finlândia, indica o Eurostat.
Por sexo, números diferentes
Mas os dados diferem quando se analisa por sexo.
Segundo o Eurostat, para os homens, a duração prevista da vida ativa é, em média, de 39 anos na UE, com as durações mais longas registadas nos Países Baixos (45,7 anos), na Suécia (44,1 anos), na Dinamarca e na Irlanda (ambas com 42,8 anos), e as mais curtas na Croácia (35,4), na Bulgária e na Roménia (ambas com 35,6 anos).
Para as mulheres, a duração média da vida ativa na UE é de 34,7 anos, com as durações mais longas registadas na Suécia (41,9 anos), seguida dos Países Baixos e da Estónia (ambos com 41,5 anos), e as mais curtas na Itália (28,3 anos), Roménia (28,5 anos) e Grécia (30,6 anos). Em Portugal, os homens trabalham 40,1 e as mulheres 38,2 anos.
O caso dos Açores
com a reforma mais cedo
Recorde-se que é intenção do Governo dos Açores implementar a reforma mais cedo para os açorianos.
O Vice-Presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, já anuncio, em Outubro do ano passado, uma anteproposta do Governo dos Açores para que os açorianos se reformem no “tempo certo” é uma reivindicação “justa” e que faz parte do “programa político” do XIII Governo dos Açores.
Segundo Artur Lima, os açorianos estão “claramente” numa “situação de desigualdade no acesso à pensão de velhice em relação ao resto do país”, em virtude da esperança média de vida e dos descontos para a Segurança Social.
“É um facto que a esperança média de vida é diminuta nos Açores em mais de dois anos”, explicou.
E prosseguiu: “é também um facto inegável que os Açorianos contribuem com os seus descontos tanto quanto a população em geral, mas beneficiam menos tempo da sua reforma”.
“É bom que fique claro que não estamos a tirar nada a ninguém. Descontamos o que tínhamos para descontar, só que depois não gozamos tudo o que tínhamos para gozar da nossa reforma, porque vivemos menos dois anos e uns meses”, argumentou.
Deste modo, o Vice-Presidente do Governo realçou que “estão reunidos fundamentos válidos para corrigir essa situação”, respeitando os princípios da diferenciação positiva e da equidade social plasmados na Lei de Bases da Segurança Social.
De acordo com Artur Lima, se o cálculo fosse aplicado no ano corrente, os açorianos acederiam à pensão de velhice aos 64 anos e um mês ao invés dos 66 anos e quatro meses.
Esperando uma “pronúncia unânime” da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, o responsável pela pasta da solidariedade social lembrou que será a Assembleia da República a ter a “última e derradeira palavra” sobre a proposta.