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João Pinheiro, Presidente da ALA, ao nosso jornal – “Alojamento Local nos Açores vai superar o Verão do ano passado”

Os preços do Alojamento Local (AL) baixaram este verão em Portugal, mas nos Açores verifica-se o contrário, segundo a percepção da Associação de Alojamento Local dos Açores.
Os proprietários, a nível nacional, tentam dar a volta à queda na procura dos turistas que têm preferido as promoções para outros destinos da Europa.
Com efeito, Julho foi um mês de viragem nas reservas de alojamento local no país.
O Porto foi a região que sofreu a maior quebra na procura.
Pelo menos é essa a percepção da empresa Guest Ready, que gere cerca de 1.400 unidades e que foi ouvida pelo Diário de Notícias.
A Associação de Alojamento Local em Portugal (ALEP) confirma um abrandamento nas reservas, mas pede cautela na análise.
“É preciso ter cuidado na interpretação dos dados. Em Julho houve efectivamente um ligeiro abrandamento em alguns destinos mais urbanos, mas que tem a ver com 2 grandes eventos internacionais, o Euro e os Jogos Olímpicos”, afirma o presidente da ALEP, Eduardo Miranda.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados pelo Diário de Notícias, os proprietários do alojamento local levaram com um balde de água fria na entrada do verão por conta das promoções para outros destinos europeus que os obrigaram a baixar os preços das dormidas.
A ALEP diz que é uma estratégia comercial, mas pouco significativa.
A descida da procura chega depois de um primeiro semestre em que as dormidas tinham crescido e o valor médio do quarto chegou, em Maio, aos 101 euros.
A expectativa está agora em Agosto e Setembro para compensar as perdas deste mês. A ALEP acredita que o AL vai fechar o ano com valores muito próximos de 2023.

Nos Açores AL está em alta

Embora ainda não sejam conhecidos os dados do Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA) de Julho e Agosto, a Associação de Alojamento Local dos Açores refere ao nosso jornal que, “junto dos nossos colegas podemos afirmar que na Região Autónoma dos Açores não se verifica este abrandamento”.
João Pinheiro, Presidente da Associação, explica ao “Diário dos Açores” que “este fenómeno pode ser explicado pelo facto de sermos um destino diferente dos grandes centros urbanos, onde os turistas podem ter sido desviados pelos grandes eventos internacionais como o Euro e os Jogos Olímpicos”.

Procura elevada na região

E acrescenta: “O nosso destino é, essencialmente, de natureza e foi trabalhado ao longo dos últimos anos para ter grande impacto nos meses de verão, onde tradicionalmente verificamos uma grande afluência”.
João Pinheiro diz que vai aguardar pelos resultados, “mas é com certeza que os números irão superar os do ano passado, uma vez que a procura nestes meses continua elevada em relação ao nível de oferta”.
“O nosso problema continua a ser a discrepância entre a época alta e a época baixa, onde, a par do Algarve, esta diferença é das mais elevadas do país. Embora os números tenham crescido na época baixa, continua a haver uma grande discrepância em comparação com a época alta, o que não se verifica nas áreas mencionadas na notícia”, conclui João Pinheiro.

Outros dados revelam
crescimento do AL
em Portugal

Mas há outros dados que revelam que o AL está em crescimento no país.
Com efeito, Portugal é um dos países da União Europeia mais procurados por turistas para reserva de alojamentos locais, com a maior procura a centrar-se na Área Metropolitana de Lisboa e no Algarve.
Os dados são do Eurostat e revelam que a tendência se tem acentuado após a recuperação da pandemia, tendo crescido 19,07% em 2023 face ao ano anterior.
O turismo, através da reserva nas plataformas Airbnb, Booking, Expedia Gourp e TripAdvisor, continuou a bater recordes no ano passado e não parece abrandar, segundo dados do organismo de estatística europeu, divulgados segunda-feira.
Em 2023, Portugal foi o quinto país da União Europeia (UE) com mais reservas em alojamentos de curta duração reservado através de plataformas, com mais de 39,5 milhões de noites, apenas ultrapassado por França (159,1 milhões de noites), Espanha (141 milhões), Itália (107,3 milhões) e Alemanha (49,3 milhões).
Apesar deste cenário, entre 2022 e 2023, o mercado português registou a oitava taxa de crescimento mais baixa, com a mais elevada a ser alcançada por Malta (46,8%), um país a despontar para o turismo nos últimos anos.

As regiões mais populares
de AL

O crescimento registado em Portugal ficou próximo da média da União Europeia, cuja taxa subiu 20,52%.
Os dados – que resultam de um acordo de partilha de dados celebrado entre o Eurostat e as quatro plataformas online – revelam que, em 2023, entre as 20 regiões mais procuradas, seis são em Espanha e França, cinco em Itália, duas em Portugal e uma na Croácia.
As regiões mais populares para alojamento de curta duração reservado através de plataformas online foram a Andaluzia, em Espanha (35,6 milhões de noites), Jadranska Hrvatska, na Croácia (32,6 milhões) e a região francesa Provence-Alpes-Côte d’Azur (24,9 milhões).
A Área Metropolitana de Lisboa ocupa o 12º lugar nesta lista e o Algarve o 15º lugar, com mais de 11,9 milhões e mais de 10,4 milhões, respetivamente.
O pico de noites reservadas nas plataformas em ambas as regiões registou-se durante o mês de agosto.
O número de noites em alojamentos locais na União Europeia cresceu 28,3% no primeiro trimestre deste ano, face ao mesmo período de 2023, para 123,7 milhões de noites.
Este é o terceiro ano consecutivo com um aumento anual de dois dígitos no primeiro trimestre, embora o crescimento tenha desacelerado desde que a contração sofrida em 2020, devido à pandemia de Covid-19, foi superada em 2022.

Recordes nos primeiros
meses do ano

Os dados revelam ainda que o número de hóspedes em alojamento local continuou a registar novos valores recordes mensais: em janeiro de 2024, foram passadas 33,3 milhões de noites em alojamentos reservados através de plataformas online, um aumento de 16,7% face a janeiro de 2023.
Em Fevereiro esse valor foi de 41,2 milhões (+19% face ao mês hómologo) e em março o número de 49,2 milhões (+48,0%).
No primeiro trimestre deste ano, Portugal foi o sétimo país da UE com mais reservas, superando as 6,2 milhões de noites, com um crescimento de 17,8% face ao primeiro trimestre de 2023.
No último trimestre do ano passado tinham-se registado mais de 7,3 milhões de dormidas.
Entre os destinos mais populares no arranque do ano, “torna-se claro que o turismo de plataforma nos oito países beneficiou do crescimento global do sector”, destaca o Eurostat, assinalando que em todos o número de pernoitas cresceu em comparação com 2023 e todos excederam “em muito” os níveis pré-pandémicos.

Governo tem menos
de 180 dias para
regulamentar fim da CEAL

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou na semana passada um decreto que autoriza o Governo a revogar a Contribuição Extraordinária sobre o Alojamento Local (CEAL).
Esta medida foi amplamente criticada por operadores do setor, que a consideravam uma penalização injusta e prejudicial ao desenvolvimento do turismo e à sustentabilidade financeira dos pequenos operadores.

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