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Novos parceiros da informação

A atividade cultural que ocorre ao longo do ano nas nossas ilhas é pouco conhecida da opinião pública açoriana, apesar do grande impulso dado nos últimos anos pelas redes sociais.
Muitos eventos realizados nas ilhas “mais pequenas” são esquecidos, enquanto os das ilhas capitalinas são normalmente relatados pela imprensa com maior disponibilidade de quadros e de maior dimensão. É a velha sina de que se queixam as populações residentes e os emigrantes, embora muito pouco se faça para esbater esta diferenciação informativa.
Felizmente, algumas iniciativas privadas de informação vão surgindo aqui e ali, recorrendo às potencialidades das tecnologias de informação e comunicação, utilizando modernos equipamentos de captação e transmissão de som e imagem através da net.
Um dos bons exemplos do que acabo de referir é a terceirense VITEC AzoresTV.com – “Canal de TV regional dos Açores, com vídeos, informação e tecnologias ao serviço da comunidade Açoriana na produção de notícias, programas de televisão, reportagens, transmissões em direto e emissão a partir da ilha Terceira.”1 Este canal pode ser seguido em alta definição (HD) nas páginas da vitecazorestv no YouTube e Facebook, no Cabo TV MEO – canal 167 nacional, ou NOS Açores no canal 187 digital e 24 analógico. Trata-se de um “projeto editorial livre e independente” que “pretende unir os Açores e os Açorianos, nas 9 ilhas, continente e diáspora, com informação regular sobre a sua Cultura, fazendo ligação com o País e o Mundo.” 2
A iniciativa terceirense com mais de duas décadas de atividade contínua tem merecido o melhor acolhimento do público daquela ilha e não só, dada a relevância que dá aos eventos que lá ocorrem. Assim se pode suprir, com êxito, as lacunas que sempre existem, seja por que motivos forem, na rádio e televisão públicas. São notadas e criticadas essas ausências por não integrarem acontecimentos de elevada aceitação popular na sua programação, o que leva a que os telespetadores não tomem como suas, esses meio de comunicação social do estado.
Para suprir essas situações foi criada na ilha do Pico, há 12 anos, a Lajes TV. O seu objetivo é a divulgação cultural e desportiva. Os seus recursos técnicos e humanos são privados, mas de qualidade comprovada. Tem uma programação pontual, embora esteja sempre disponível para a cobertura pura e simples de eventos sociais e desportivos de interesse local.
A Lajes TV transmite através das redes sociais. Foi através dessas plataformas que fez a cobertura da Semana dos Baleeiros de 2024 e levou as imagens de todos os eventos religiosos, sociais, desportivos e musicais aos seus seguidores. Fui um deles.
Como antigo profissional de TV, não posso deixar de relevar o empenho e profissionalismo de quem produziu e realizou essas emissões diretas, usando meios e equipamentos adequados, nomeadamente “drones” que muito contribuiram para a divulgação das paisagens da primeira Vila picoense, seja durante a procissão marítima, seja nas tradicionais regatas de botes baleeiros a remos e à vela. Este ano participaram mais de 20 canoas com tripulações procedentes das Flores, Faial, São Jorge, Graciosa Terceira e Pico. Foi um memorável, bonito e singular espetáculo realizado na Baía das Lajes, com a Montanha em fundo que a TV local acompanhou e gravou para memória futura. De outra forma a comunidade imigrante lajense não teria conseguido ligar-se e presenciar os eventos programados para a “Semana dos Baleeiros” deste ano.
Nas crónicas enviadas da Ilha do Pico, já referi a crescente qualidade das nossas filarmónicas, cujas atuações decorrem durante as festividades populares.
A assinalável evolução ocorrida nos últimos anos, fica a dever-se, não só à competência e ao trabalho cuidado dos novos regentes como também à formação musical dos alunos ministrada nas Escolas.
Sem esse valioso contributo, que veio despertar e desenvolver as aptidões de muitos jovens para as artes e para a execução de instrumentos musicais – os mais variados -, as filarmónicas não teriam atingido o apreciável patamar de qualidade.
O encerramento, no passado domingo, da Semana dos Baleeiros provou o que acabo de dizer.
No concerto da Orquestra Municipal das Lajes do Pico, formada sobretudo por alunos em idade escolar que acompanharam o grupo “Mimos Dixie Band”, foi notável a “performance” dos executantes, como se de profissionais se tratasse, e a criatividade artística e cénica de todos os intervenientes, o que deveria ter merecido maior atenção das estações públicas de rádio e televisão.
Felizmente a Lajes TV assumiu também essa missão, levando aos seus telespetadores um evento que muito dignificou os jovens executantes, os dirigentes e maestros. Essa qualidade foi reconhecida pelo público que já extraíu da página do FB da Lajes TV mais de 4 mil reproduções.
As pequenas comunidades, sujeitas ao predomínio dos grandes centros urbanos, encontram assim alternativas proporcionadas pelas novas tecnologias da informação e comunicação, divulgando através das plataformas digitais as suas potencialidades, iniciativas e sobretudo a sua identidade, num mundo cada vez mais globalizado.
Estes empreendimentos demonstram que algo está a mudar no capítulo das comunicações e na afirmação das pequenas comunidades.
Oxalá os governantes e dirigentes políticos, sociais e económicos, entendam o valor destas iniciativas que revelam inteligência e contribuem para a afirmação da liberdade, esse bem maior, promotor da paz e da solidariedade entre os povos.

1 https://www.azorestv.com/
2 Do Estatuto Editorial da VITEC

José Gabriel Ávila*

*Jornalista c.p.239 A
http://escritemdia.blogspot.com

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