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Cultura – tiro ao lado

Interesse
Faço uma declaração de interesse: tenho muito respeito e consideração pessoal por Alexandra Manes. Durante uma fase difícil da minha vida ( felizmente ultrapassada) sempre se abeirou de mim, indagando o estado de saúde da pessoa em causa. Fê-lo com humanismo e regularidade que gente mais próxima não me dispensou e isso nunca esquecerei, por dever de gratidão.

Divergência
Politicamente, eu e Alexandra Manes nada temos em comum que não seja a defesa firme das nossas convicções. Ideologicamente estamos nos antípodas, perfilhamos um modelo de sociedade absolutamente oposto, talvez até divirjamos no conceito de democracia e como devem ser construídas as suas instituições. No desempenho de funções públicas tivemos debates intensos e discordâncias insanáveis, embora sempre cordiais.
E voltamos a estar em desacordo sobre o financiamento da cultura. Não há nada de dramático nisso. Nem seria caso para responder à senhora ex-deputada, não fosse o caso de ter deturpado tudo quanto eu disse no Parlamento sobre o assunto e também escrevi neste jornal. Isso já é outra coisa, que feita de modo consciente e deliberado, merece ser rebatido e devidamente adjetivado.

Sem tibiezas
Vou deixar de parte as soezes insinuações sobre leituras e domínios afins – temo que o texto pudesse resvalar para níveis desadequados aos meus propósitos e modo de estar. Por isso vamos ao que é realmente e só político.
Ironicamente, ou talvez não, Alexandra Manes nem por uma vez refere o Bloco de Esquerda, o seu partido, ou o nome de António Lima, o deputado bloquista que fez a declaração política sobre cultura. Mas não se coibiu de publicitar outros parlamentares pelo seu devido nome. Arrufos internos, deduzo. Não dou cera para essa missa.
Já não posso tolerar a deturpação, repito, daquilo que disse, escrevi e defendo, isto é, o caráter complementar dos subsídios à produção cultural. Uma atividade cultural que dependa exclusivamente do financiamento público tem de ser repensada. Sem sustentabilidade, mais cedo ou mais cedo tarde, estará condenada ao fracasso, apesar de ter consumido importantes recursos públicos, suscetíveis de potenciarem outros projetos, válidos e perenes.

Firmeza
Dito isto, fica evidente, como sempre esteve, que nada tenho contra o financiamento público das atividades culturais e dos seus agentes. Aliás, Alexandra Manes, que seguiu o debate em direto (sobra-lhe tempo para tanto), ouviu-me elogiar a comparticipação de investimentos e atividades das nossa filarmónicas, poucos dias antes publicada no Jornal Oficial. Ou esta é uma área considerada “menor” pelo pseudo elitismo do Bloco de Esquerda?
Termino como comecei no Parlamento: a cultura é na sua essência um ato livre de criação, produção e divulgação. Jamais defenderei um modelo de cultura serviçal, estatizado, ideologicamente utilitário. Isso Alexandra Manes talvez seja incapaz de entender. Alevá.

Joaquim Machado

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