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A caleche do meu descontentamento

“O mundo evolui e se bem que, em pequeno, eu mesmo me tenha servido destes animais para lazer e transporte hoje não considero aceitável que a prática se mantenha, mesmo com a desculpa que aqui ouço (em zonas rurais da ilha de S. Miguel), de que as pessoas são tão pobres que precisam do animal para transporte.”

Numa fase de exacerbado populismo, e nesta fase de chorar ao pingarelho como é uso e costume no natal, em que todos pretendem ser uns santinhos enquanto no resto do ano são e serão sempre uns enormes sacanas, poderia começar a crónica criticando o gasto de milhões que Nascimento Cabral vai devotar a uma programação gratuita que vai garantir “o maior Natal e Passagem de Ano de sempre” na maior cidade do arquipélago açoriano… o centro histórico será também lugar da Casa do Pai Natal e respetiva Fábrica de Brinquedos, de passeios de carruagens de cavalos, da Feira de Artesanato e de intensa animação musical… a programação de Natal não irá circunscrever-se à baixa citadina, pelo que as Igrejas dos Arrifes, Fajã de Cima, Covoada, Feteiras, e Fenais da Luz receberão concertos ao longo da época festiva. Ora bem, deixo aos eleitores a reação a este anúncio, numa época em que nunca houve tanto sem-abrigo como este ano na cidade (por isso vão instalar 19 câmaras CCTV), numa época em que tanta vítima de drogas (sintéticas ou não) pulula nas ruas da Baixa e são uma ameaça ao resto da população. Não sou PAN nem de qualquer outro partido do arco da governação ou fora dele, mas o que me chocou mais foi o ênfase dado a “passeios de carruagens de cavalos” numa época em que já os devíamos ter abolido e, quiçá, substituído por robôs como na imagem… em vez destes que o presidente da autarquia anunciou.
Num Fórum cheio de emigrantes na diáspora, saudosistas de tempos que não voltam mais, li que havia quem lastimasse que as crianças hoje já não andassem como dantes em carroças puxadas por cabras… ou quando se transportavam barris puxados por carneiros ou pelo burro anão da Graciosa.
Embora mais comum fosse a carga transportada por burros ou cavalos apesar de estarem já proibidos nas localidades, o carro de bois foi proibido por lei de transitar no centro das cidades, ficando o seu uso restrito ao meio rural. Nas ilhas todas ainda é vulgar além dos cavalos no transporte de leite (para os pequeníssimos produtores que nem dinheiro têm para a típica carrinha de vaqueiro) ainda é vulgar usarem carroças para transportar gente nem sempre em passeios turísticos como este. E se bem que isto possa ser muito turístico, uma daquelas atrações “para inglês ver”, é uma brutalidade a utilização de azémolas (animais de tração ou de carga), por mais bonitinhos que fiquem na fotografia, em especial se forem camelos, elefantes ou renas que, felizmente, não existem nos Açores. O mundo evolui e se bem que, em pequeno, eu mesmo me tenha servido destes animais para lazer e transporte hoje não considero aceitável que a prática se mantenha, mesmo com a desculpa que aqui ouço (em zonas rurais da ilha de S. Miguel), de que as pessoas são tão pobres que precisam do animal para transporte.

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713
MEEA-AJA (IFJ)

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