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Edifício dos Bombeiros impede visão da Torre de Controlo: “Poderia ter acontecido uma tragédia na colisão do avião da SATA com bando de pássaros”

O Airbus A320 da SATA que colidiu com um “bando significativo” de gaivotas durante uma descolagem em Ponta Delgada, obrigando a aeronave a declarar emergência e a regressar ao aeroporto, reportando problemas nos dois motores, poderia ter sido muito mais grave.
Segundo fontes ligadas à aviação, foi “muita sorte” os dois motores danificados terem continuado a trabalhar, permitindo um regresso à pista sem problemas de maior, porque “poderia ter acontecido uma tragédia”.
Foram vários os pássaros atingidos, conforme foto que apresentamos.
A colisão aconteceu na Quinta-feira, quando o A320, com destino a Lisboa, descolou às 13h40 do Aeroporto João Paulo II, mas “imediatamente após a descolagem declarou emergência devido ao embate num bando significativo de gaivotas”, tendo a aeronave prosseguido para a aterragem, o que aconteceu, em segurança, 18 minutos depois, “reportando problemas nos dois motores”.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) diz que foi notificado do “incidente pelo gestor aeroportuário [ANA], pelo operador envolvido [SATA] e pela NAV Portugal”, empresa responsável pela gestão do tráfego aéreo.
Este organismo acrescenta que “iniciou um processo de recolha de informações junto do gestor aeroportuário relativamente às medidas implementadas e em aplicação no dia, previstas nos regulamentos” que contemplam a redução do risco de wildlife strike.
As mesmas fontes da aviação alertam também para o facto de os controladores aéreos não conseguirem visualizar toda a pista de Ponta Delgada, pois à frente da torre de controlo foi construído o quartel dos bombeiros que prestam serviço no aeroporto.
Os controladores aéreos apenas conseguem ver o início e o fim da pista, sendo o resto da mesma visível apenas através de um sistema de CCTV — Circuito Fechado de Televisão, o que, segundo estas fontes, não permite aos controladores aéreos observarem devidamente a eventual presença de aves, “o que diminuiu significativamente a segurança da operação”.
Questionado sobre esta situação, o GPIAAF sublinha que “o processo de deteção, controlo e mitigação de riscos de vida selvagem nos aeródromos é assegurado por várias fontes de informação em que o ATC [controlador aéreo] é uma parte importante”.
“Efetivamente, a zona de asfalto onde ocorreu a colisão com as aves não é visível da torre. As circunstâncias do evento assim como as medidas de mitigação em vigor na infraestrutura no momento da ocorrência serão oportunamente divulgadas pelo GPIAAF em documento apropriado à sequência que resultar da avaliação em curso no âmbito das competências deste gabinete”, refere o organismo.
A ANA confirma que, pelas 13h46 de 2 de janeiro, no Aeroporto de Ponta Delgada, “ocorreu uma colisão de um avião com gaivotas durante a descolagem de um voo da SATA com destino a Lisboa”, acrescentando que “dispõe dos meios recomendados para a gestão da avifauna nos seus aeroportos”.
“Adicionalmente, são acionadas medidas de proteção ativa sempre que solicitado pelo controlo de tráfego aéreo. O Aeroporto desencadeou no imediato uma análise para apurar as circunstâncias do incidente, em conformidade com o princípio de melhoria contínua da aviação civil”, indica a gestora dos aeroportos nacionais.
Já a ANAC, refere que “a situação está a ser analisada com base nos elementos disponíveis que poderão levar à tomada de ações em conformidade”, sublinhando que, de momento, “não pode adiantar muito mais”.
O regulador reitera que o Aeroporto João Paulo II dispõe de um sistema de gestão de vida selvagem, reconhecendo que a torre de controlo “tem efetivamente vista condicionada para a área de manobra, mas que dispõe “de outros procedimentos alternativos implementados, conforme previsto na regulamentação”.

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