É frequente ouvir-se à boca da sala de aula ou no pátio da escola. Mas a informação não conta para as estatísticas. Nem há estudos sobre o efeito que tem junto de professores e educadores – cada vez mais uma espécie de saco de pancada de um sistema esgotado e com inúmeros problemas estruturais que confirmam o estado crítico da sociedade circundante. Ouvir um estudante comentar, sem qualquer fundamento, que a professora X é incompetente e não está preparada para lecionar parece-me daquelas situações que não podem ser toleradas em circunstância alguma. A situação dramatiza-se se catalisada por pessoas próximas.
No entanto, tenho uma dúvida. Que competência tem um aluno, ou seus progenitores, para aferir da competência de uma professora devidamente credenciada? Que instituto superior de educação, ou faculdade, concedeu esse desígnio para avaliar implacavelmente uma classe profissional tantas vezes enxovalhada? E não pode uma professora ter um dia mau, uma semana má, ou até um ano mau, que conceda o direito a terceiros de comentar o seu trabalho de forma gratuita e desonesta?
Não é normal que um jovem em idade de adquirir conhecimentos, aprender competências e apreender regras possa, do nada, e porque lhe apetece, proferir, em discurso direto, que um agente de educação não está habilitado para lecionar. Esses episódios, apesar de recorrentes um pouco por todo o lado, marca a hora de mudar esse status quo injusto e absolutamente intolerável.
Portanto, na democracia das redes sociais, em que todos opinam por cá dá aquela palha, e porque é “um direito constitucionalmente adquirido”, ainda temos muito para aprender no que toca a ética e a regras de respeito profissional. Hoje são os professores, amanhã qualquer profissão. Já nem falo dos políticos, pobres vítimas também desse modus operandi!
Luís Soares Almeida*
- Professor de Português
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