O líder do Chega, André Ventura, pediu ontem ao deputado açoriano Miguel Arruda que renunciasse ao seu mandato de deputado, “perante o que aconteceu ontem, perante a evidência do que aconteceu, perante a evidente fragilidade psíquica em que se encontra, perante a evidência dos factos, não tenho outro caminho enquanto presidente do partido, em nome da dignidade, de Portugal, do grupo parlamentar no qual foi eleito, que renuncie ao seu mandato”.
Ventura disse ainda que, alternativamente à renúncia, também poderia ser feita uma suspensão do mandato “até que este inquérito esteja terminado e que as autoridades cheguem a uma conclusão”.
Entretanto, a PSP fez buscas no antigo gabinete de Miguel Arruda no Parlamento, apreendendo mais malas e uma mochila.
A operação foi acompanhada pelo deputado Daniel Teixeira, com quem o parlamentar partilhava o gabinete.
“Foi o Chega que na quinta-feira comunicou ao Presidente da Assembleia da República (PAR) a existência destes objetos a existência destes objetos como possibilidade de serem ou estarem relacionados com o produto de um crime que tinha sido publicamente exposto”, referiu André Ventura.
“Ontem, o Chega foi contactado para dar autorização e acesso ao seu espaço para que pudesse ser averiguado e apreendido esse eventual objeto do crime”, deu conta, acrescentando que vários elementos do partido acompanharam “em todo o percurso todas as ações das autoridades policiais e judiciárias”.
“O que ocorreu no Parlamento não foi uma busca, foi uma denúncia do Chega, uma articulação e autorização do Chega, para que essa apreensão pudesse acontecer. Esta é a diferente atitude de um líder político face ao crime que outros não têm”, destacou.
“Penso que estamos perante um problema de natureza psíquica ou psiquiátrica”, considerou. Para que não houvesse “dois pesos e duas medidas”, o Chega diz que a sua primeira atitude foi a de exigir a renúncia ou suspensão do mandato de Arruda.
Por sua vez, o Ministério Público diz que acordou com a Assembleia da República, através da Procuradoria-Geral da República (PGR), o dia de segunda-feira para apreender malas e outros objetos no gabinete do deputado eleito pelo Chega, Miguel Arruda, suspeito de furto.
”Através da Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público (MP) solicitou a colaboração da Assembleia da República no sentido de efetivação de apreensão de malas e objetos que se encontravam nas suas instalações. Para o efeito, solicitou-se indicação de dia, hora e de responsável da Assembleia da República para acompanhar a diligência”, explicou fonte oficial da PGR.
O Parlamento indicou então 27 de Janeiro para a realização da diligência, tendo esta sido concretizada nessa data.
A mesma fonte acrescentou que a apreensão decorreu ao abrigo do artigo 178.º, n.ºs 1 e 3 do Código de Processo Penal, que, segundo o diploma, permite a apreensão, mediante despacho judiciário, “de instrumentos, produtos ou vantagens relacionados com a prática de um facto ilícito” ou qualquer outro objeto que possa constituir prova.