Edit Template

A falácia do IRC…

Em coro consertado com a generalidade dos dirigentes das Confederações e Câmaras de Comércio e Indústria, da boca dos partidos da direita e extrema-direita (PSD, CDS, IL e Chega), a que muitas vezes se associa também o PS, já enfastia a apologia e a lenga-lenga reivindicativa sistemática pelas baixas do IRC (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas).
Se este ano desce1%, para o ano tem de descer mais um ou 2%, no ano seguinte outro tanto e assim sucessivamente, sem parar pelos vistos senão no IRC 0, sempre como condição imprescindível tanto para a viabilidade económica das empresas, como para os salários dos seus trabalhadores poderem aumentar. Em conclusão, na boca da direita e dos representantes do patronato poder-se-ia dizer que o desenvolvimento económico e os salários dependem em primeira instância do benefício ou mesmo da isenção fiscal total das empresas e dos empresários. Nada mais falso e enganador, porque:
1º As micro, pequenas e médias empresas beneficiam de uma taxa reduzida de IRC e só as grandes empresas pagam as taxas máximas sobre toda a sua matéria coletável;
2º Que impostos teriam de ser aumentados para compensar esta enorme perda de receita fiscal, ou que despesas sociais e de investimento teriam de sofrer mais cortes enormes devido a esta diminuição de receita?
3º Cerca de 86% das empresas sediadas nos Açores são microempresas, e as restantes, com exceção de meia dúzia, são pequenas e médias.
Assim, ficam claros os argumentos falaciosos de/e a quem sobretudo servem as insistentes e prioritárias reivindicações pelas baixas deste imposto como solução milagreira para o crescimento e desenvolvimento económicos.
Neste sentido e com justificação na aparentemente esgotada utilidade do tradicional discurso fiscal das direitas e dos representantes do patronato nos Açores, julgo ser de saudar aquilo que me pareceu ser uma corrente diferente nestas matérias, à qual nos últimos dias a comunicação social dos Açores deu interessante relevo.
A Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME) entregou ao Sr. Secretário Regional das Finanças, Duarte Freitas, os seus contributos para a melhoria do Sistema de Incentivos “Construir 2030 Açores”, dos quais destacamos: as dificuldades do acesso das MPME ao sistema; as dificuldades na submissão de candidaturas e a complexidade dos regulamentos; ausência de acompanhamento personalizado para os empresários; atrasos no pagamento dos apoios e dificuldades de acesso ao crédito bancário; a necessidade de agilização dos mecanismos de financiamento e dos processos de análise de candidaturas; as limitações do programa, como a insuficiência dos valores máximos elegíveis de investimento; restrições nas categorias de despesas objeto de apoio e falta de flexibilidade na reprogramação de projetos.
Tudo isto são reclamações que me parecem justas e que não vemos os tradicionais representantes do patronato considerarem prioritárias ou até mesmo trazerem cá para fora. Talvez porque desnecessárias para os maiores e mais influentes empresários acederem a estes programas e esgotarem rapidamente os seus plafonds, deixando os restantes, que têm mais dificuldades de acesso à banca ou aos gabinetes dos advogados e outros, de mãos a abanar…

Mário Abrantes

Edit Template
Notícias Recentes
José Manuel Bolieiro exige que Comissão Europeia seja o “primeiro aliado” das RUP
WestJet anuncia nova rota directa Toronto – Ponta Delgada para o Verão 2026
Aeroporto de Ponta Delgada foi o que mais cresceu em movimento de passageiros em 2024
Paulo do Nascimento Cabral organiza congresso para apoiar jovens agricultores
Homem detido em Angra de Heroísmo por pornografia de menores
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores