Edit Template

Não há dinheiro!

Finalmente um Secretário Regional ganha coragem e diz a verdade: não há dinheiro!
Mário Pinho, titular do Mar e das Pescas, anda a percorrer as ilhas, reunindo com as conserveiras, para dizer que não há dinheiro no orçamento para pagar o suplemento do POSEI.
As indústrias já fizeram os investimentos, contando com o apoio suplementar ao financiamento comunitário, e agora estão todas com a corda ao pescoço.
É muito provável que o assunto venha a ser resolvido por outras formas, mas era bom que se começasse a criar uma cultura diferente junto das empresas e cidadãos dos Açores, que estão sempre à espera que o orçamento público resolva tudo.
Os sucessivos governos e políticos criaram este vício de que a administração regional tem fundos para tudo, desde subsídios sem retorno até apoios incondicionais, prometidos especialmente nas campanhas eleitorais.
Já estouramos a SATA, demos cabo de uma fábrica de açúcar e estamos a estourar a Saúde, exactamente porque tudo era gerido como se os cofres da Região fossem um poço sem fundo.
Nenhum político tem a coragem de dizer que a nossa Região não possui recursos suficientes para viver como está a viver, com tudo subsidiado e nada regrado.
As nossas receitas já nem dão para as despesas de funcionamento, mesmo com a transferência de 169 milhões de euros do Orçamento de Estado.
Desde há 25 anos que recebemos do exterior 10 mil milhões de euros, cerca de 550 milhões por ano, quando temos orçamentos que ultrapassam os mil milhões de euros.
Só em juros da dívida regional pagamos mais de 60 milhões de euros, o que dava para construir um hospital todos os anos.
A SATA e a EDA têm cerca de 800 milhões de dívidas e, até 2036, temos 675 milhões de euros em responsabilidades futuras, para pagar SCUTs e PPPs.
Ainda bem que Duarte Freitas mostra firmeza em meter as contas públicas na ordem, mas o volume da herança e a cultura que ainda se vai vendo na irresponsabilidade eleitoralista, vão tramando as aspirações de quem olha para este problema com seriedade e preocupação.
São precisos mais Mários Pinhos para dizer o óbvio, que ninguém gosta de ouvir: não há dinheiro!

                                    ****

PORQUE É QUE O ALMIRANTE JÁ GANHOU – Não sei se o Almirante Gouveia e Melo vai ganhar as eleições presidenciais, mas já ganhou, por agora, naquilo que o país ansiava: pôs os partidos em sentido!
Há muito que o sistema político português, profundamente oligárquico, precisa de um abanão cívico.
Os partidos e a sua vasta rede de interesses aparelhísticos acham que mandam em tudo e que o mundo só anda à volta deles.
É claro que são indispensáveis à democracia, mas o caminho que vêm trilhando nas últimas décadas é de uma enorme arrogância e pobreza democrática, olhando muito para dentro e esquecendo a cidadania.
A influência da vida partidária nas instituições, associações, clubes, empresas públicas e nos tentáculos que se estendem por todo o lado, contamina a vida das pessoas, especialmente as que têm espírito crítico e não alinham com a oligarquia partidária.
Até o espaço do comentário político nos principais canais de notícias é ocupado, esmagadoramente, por pessoas dos partidos.
As sondagens são claras e os sinais também: as pessoas estão fartas que os interesses partidários estejam sempre acima do interesse da cidadania e que a motivação cívica seja sempre abafada pela bolha partidária.
Não mudam a Lei Eleitoral para não prejudicar os partidos, não promovem reformas que chamem mais cidadãos à política sem o crivo dos partidos e fazem escolhas de deputados e governantes que ajudam a afundar a credibilidade que lhes resta.
Depois ficam surpreendidos porque os portugueses vêem num militar fardado uma esperança de isenção e realismo, longe dos interesses dos aparelhos.
É uma espécie de filme já visto, à época do general Ramalho Eanes.
Mas não há maneira de aprenderem.

Osvaldo Cabral
[email protected]

Edit Template
Notícias Recentes
Aumentos de preços fazem disparara inflação nos Açores
Ana Bacalhau, Mafalda Veiga, Carlos Alberto Moniz e Pauleta são atracções dos Açores na BTL
Governo pensa privatizar Teatro Micaelense, Atlânticoline, Portos dos Açores e Lotaçor
Bolieiro diz que queda do governo vai provocar “atrasos em tudo”
Realizadora francesa Fanny Ardant vai rodar longa metragem em S. Miguel com Depardieu
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores