Fevereiro 3, 2025
Esta é a fase mais triste desta luta ideológica provocada pela conduta do criminoso-presidente: as brigas entre amigos e até familiares com ideias políticas diferentes. Tento sempre controlar-me, não entrar em litígios, há até alguns amigos que, noto eu, já nem comentam nos posts que publico no Facebook. Nem eu nos deles. Contudo, hoje tive de sair dos carris. Começou o P. por me atirar à cara que eu sou pago (por Jorge Soros, suponho) para escrever as minhas crónicas. Não sou prostituta, nunca recebi um tostão pelas crónicas que escrevo. Não gostei do insulto e, contra o meu modo de ser, disse umas coisas que ele não gostou também. E, então, voltou com as suas tradicionais mentiras: “És um comunista! Devias ir para Cuba” e outras baboseiras parecidas.
Poderei dizer que já estou habituado. O que está a ser um pouco diferente é que noto que os seguidores do Culto trumpista agora atuam com uma desfaçatez desmedida, uma arrogância só excedida pelos atacantes do Capitol em janeiro 6 de 2021. O volume asqueroso do imperador não lhes pesa na barriga. Tudo o que o homem – e os seus engenheiros – faz é como se fosse a decisão que vai virar o mundo de pernas para o ar e acabar com os problemas do país e da Humanidade. A mim parece que o contrário é mais certo, mas quem sou eu para o dizer?
Tal como o P., há por aí milhares de pimpolhos que estão a arvorar-se em defensores da asneirada. Nalguns deles, pessoas que eu considerava sérias e decentes, surpreende-me como é que, em mais de oito anos, ainda não viram de que material o Trump é feito. Como é que, sendo muitos deles religiosos e católicos convictos, desculpam todos os “pecados” do presidente, como é que suportam as diretivas que só causarão sofrimento a milhares de pessoas, sejam cidadãos americanos ou imigrantes que aqui chegam à procura de melhores condições de vida e agora estão a ser tratados como criminosos, devolvidos aos seus países algemados e acorrentados. Sim, eu sei, a política de imigração tem muitas falhas, mas resolver os problemas do modo que o presidente os atira ao ar, sem uma pisca de humanismo e decência, não é correto. Depois, ele e os outros deturpam os factos, qualquer ajuste de contas ou acerto de opiniões, é sempre “uma vitória enorme para Trump, ele fez com que o presidente inimigo capitulasse”, o que não corresponde realmente à verdade.
As linhas com que se cose o tecido humano americano estão a mudar. O respeito é abandonado por uns, a hipocrisia varre as mentes dos simples e oportunistas. É verdade, a palavra HIPOCRISIA será, de certeza, a que mais vezes será usada nestas crónicas.
Ok, fico por aqui. Tenho de ir negociar um novo contrato com o multimilionário que paga para eu escrever estas crónicas. E tenho de ir procurar casa em Cuba… ao menos que seja numa praia de águas mansas.
João Bendito