O Bloco de Esquerda assinala que o setor da Educação nos Açores “está controlado pelo Chega, partido que levou o governo do PSD, CDS e PPM a anunciar duas medidas que vão prejudicar professores e alunos, incluindo uma que, no passado, já mereceu a oposição da própria secretária regional da Educação”.
Segundo o BE, “o governo anunciou recentemente um apoio ao pagamento da renda aos professores deslocados que exclui as ilhas de São Miguel, Terceira, Faial e Pico – ilhas onde estão muitos professores deslocados – e anunciou também que os professores serão obrigados a permanecer 5 anos na ilha onde forem colocados”.
“O que há em comum entre estas duas medidas, além da sua ineficácia, é um facto muito preocupante: as duas medidas foram exigidas pelo Chega”, assinalou António Lima, hoje, após uma reunião com o Sindicato Democrático dos Professores dos Açores.
O deputado do Bloco referiu que há um problema de falta de professores nos Açores que “está identificado há muito e que está a agravar-se” e que as consequências da falta de professores já se notam: “as reprovações e desistências no ensino secundário estão a subir há três anos”.
“Em vez de implementar medidas positivas que tornem atrativa a vinda de mais professores para os Açores, o governo vai implementar medidas que podem até afastar alguns professores que já cá estão, como é o caso da obrigatoriedade de permanência por 5 anos na ilha em que o professor é colocado”, acrescenta.
“No contexto atual, em que há escassez de professores”, dizer a um professor do continente ou dos Açores que se for colocado numa ilha onde não reside, terá que lá ficar por 5 anos “não é um incentivo, é um desincentivo a concorrer”, explicou o deputado.
“É importante referir que, no passado, já existiu a obrigatoriedade de os professores permanecerem 3 anos na ilha em que eram colocados, mas este aspeto foi eliminado em 2017, com a aprovação de todos os partidos no parlamento, incluindo o PSD, o CDS e o PPM”, diz o BE.
“Estranhamos que esta medida apareça agora como uma forma de fixação de professores, quando a própria secretária regional da Educação, enquanto dirigente sindical e enquanto governante, defendia que esta medida não era eficaz”, afirmou António Lima.
O Bloco “não compreende a opção do governo de deixar as ilhas de São Miguel, Terceira, Faial e Pico sem apoio para os professores deslocados”: “Há necessidade de atração e fixação de professores em todas as ilhas” e “os pais nestas 4 ilhas sabem as dificuldades que em muitas escolas há para ter professores em várias disciplinas”, referiu o deputado do Bloco.