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Triângulo amordaçado

Como, muito bem, afirma o Presidente da AMT (Associação de Municípios do Triângulo), “as ilhas do triângulo estão no coração do arquipélago e do Atlântico”. Faial, Pico e São Jorge – três ilhas próximas, lado a lado, mas com três gastronomias, três culturas e três paisagens diferentes.
Um destino único dentro dos Açores, que tem vindo a ganhar grande atracção e a tornar-se numa moda, quer a nível nacional quer internacional. Sendo possível visitar as três ilhas, apenas com uma viagem de avião e circular entre elas por preços módicos. No seu conjunto, têm uma área quadrada de 864,72 km2 que ultrapassa mesmo a Ilha de São Miguel com 744,6 Km2.
O Triângulo é o destino açoriano aonde é possível usufruir, em pleno, a ambiência de arquipélago. Um conjunto de ilhas que consegue absorver a grande procura da época alta sem que se sinta uma pressão demográfica excessiva e que mantem, ainda, um perfil rural tão apreciado por quem nos visita.
Com seis municípios, o triângulo representa um terço dos municípios da região e um terço das nove ilhas dos Açores. Uma realidade geográfica, económica e política de grande relevância na Região, mas que, infelizmente, não tem tido a devida expressão e reconhecimento ao nível da administração regional.
Para isso tem contribuído, sobretudo no passado, o bairrismo que foi sendo “sabiamente” aproveitado, como alibi, para não resolver problemas estruturais desta zona dos Açores. A própria AMT esteve demasiados anos adormecida não tendo desempenhado, como deveria, o seu papel de catalisador do triângulo.
E, assim, se chegou a 2025 com o magno problema das gateways do Faial e do Pico, quer ao nível das respectivas estruturas aeroportuárias quer ao nível do número de voos para o exterior em época alta e mesmo, nalguns caos, em época baixa. Criando uma teoria bizarra de aviões mais pequenos em vez de pistas maiores enquanto a SATA Internacional, entretanto, adquire os NEO320 que são, ainda mais, exigentes que os velhinhos A320!
Para não falar na novel teoria da falta de slots no aeroporto de Lisboa, mas, simultaneamente, não se querendo admitir, sequer, a alternativa do Porto que, tanto quanto se sabe, não tem esse problema tão crítico de slots. Para o triângulo a alternativa Porto seria, indiscutivelmente, uma excelente hipótese quer pela existência da ponta aérea Lisboa-Porto-Lisboa que pela importância do mercado do norte de Portugal e da proximidade da Galiza bem como pelo facto do Porto ter, atualmente, ligações diárias com as principais capitais europeias.
Em 26 de junho de 2019, na cidade da Horta, o Presidente do Governo Regional de então, recebeu, a propósito das acessibilidades ao Triângulo, um conjunto de entidades empresariais das ilhas do Faial, Pico e São Jorge. Pela primeira vez, desde que a ideia do Triângulo nasceu, as entidades representativas dos empresários das três ilhas uniram-se.
Nessa reunião estiveram também presentes os lóbis de defesa dos aeroportos do Faial e Pico, que se apresentaram igualmente unidos na defesa das gateways do Triângulo, pugnando pela sua manutenção e pela melhoria das suas condições de operacionalidade.
Foi, então, apresentado um documento, que assumiu o carácter de uma plataforma de entendimento, contendo oito pontos que iam desde a temática do serviço a ilhas sem espaço aéreo liberalizado até à questão dos encaminhamentos e as suas eventuais perversidades sem esquecer a magna questão das ligações marítimas com São Jorge.
É agora, certamente, tempo de consolidar esse momento único de união e criar a Plataforma 2025 que actualize a de 2019 e promova a indispensável união do triângulo e desmitifique a teoria dos bairrismos que apenas serve todos aqueles que olham de soslaio para o desenvolvimento e consolidação deste destino.
Doutro modo, o Triângulo continuará a ser, como tem sido, amordaçado.

Antonio Simas Santos

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