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Dia de chuva é dia de pancadas

O tempo anda muito incerto por estas bandas. Tivemos três dias de sol e temperaturas primaveris no princípio da semana; ontem, porém, regressou a chuva, tocada a vento forte que vai atirando ao chão pequenos ramos das árvores, algumas delas já a mostrarem sinais de renascimento. Ainda assim conseguimos aproveitar uma brecha para a costumeira caminhada nos trilhos da ribeira. Mas hoje não, é quase meio-dia e aqui estou, com o aquecimento central a tentar empurrar o frio, e a chuva a bater levemente, como quem chama por mim para a ir vigiar à janela. Meu pai diria que está um dia porco.
Não é só o Tempo que anda desatinado, mesmo sabendo que o Tempo não está a fazer nada que não seja desajustado às suas funções, no meio deste Universo. Confusos andamos todos nós, pelo menos aqueles que não se limitam a ver o Tempo amealhar horas e dias sem se sentirem deste modo. E neste dia de chuva – com pequenas abertas – há bastantes pancadas por todos os lados, sem ser daquelas que a minha mãe me prometia, quando eu as merecia. Há uma pequena-grande diferença, quando menciono aqui a minha mãe: ela prometia, mas não cumpria; os homens maus desta administração, principalmente o criminoso-presidente, prometem e cumprem. Neste aspecto, o sujeito merece todas as medalhas: ele não está a fazer nada que já não nos tenha avisado antes! Nós é que esperávamos que a maldade se limitava às palavras dele, fomos e somos uns santinhos ingénuos.
Hoje acaba por ser um dia triste para o partido Democrata. E não é por ingenuidade ou talvez sequer por falta de discernimento político. Depois de, na semana passada os congressistas democratas terem dado a resposta certa na House ao votarem em uníssono contra a proposta republicana para estender o orçamento e evitar que o governo feche as portas, vem agora o líder democrata no Senado aconselhar que o seu partido vote lado a lado com os republicanos e aprovem legislação escrita e empurrada apenas pela maioria republicana, sem sequer adicionarem uma linha de propostas dos democratas. Só porque o sr. Schumer não quer ser apontado como o responsável se realmente o governo entrar em “shut down” temporário, governo este que está, todos os dias, a ser fechado e a ser destruído precisamente pela administração.
Não me interpretem mal; eu também não quero o governo fechado nem que estas discussões do orçamento sejam adiadas cada três meses. Mas quero que o dedo seja apontado aos reais prevaricadores. Se é a vossa legislação, então tomem responsabilidade por ela, não precisam dos votos daqueles que vocês (republicanos) nem deixaram participar na discussão.
Ainda mais deplorável é o que o presidente fez também hoje, para cimentar a sua ditadura: foi diretamente ao gabinete do Departamento de Justiça e estipulou, num discurso cheio de mentiras, que a obrigação de todos os procuradores é “investigar” e acusa em tribunal todos os advogados, jornalistas, comentadores e outros oficiais que o acusaram dos crimes que toda a gente viu ele cometer nos últimos anos. Quando ele nomeou só gente da sua confiança e exerce pressão sobre um Departamento que é, por lei, o defensor da Justiça no país, então não podemos ter confiança nenhuma nesse Departamento. O Ministério da Justiça é agora simplesmente o gabinete dos advogados privados do Trump. O terror está a ser instalado. Em poucos dias veremos os que ele considera “inimigos” a serem presos e acusados.
Tenho amigos que me dizem que o título destas crónicas está errado porque não vivemos em ditadura. Nem precisam esperar pela pancada, com ou sem chuva. A ditadura chegou e é para ficar.
Realmente, o meu velho tinha razão, hoje está um dia bem porco.

João Bendito

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