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Sobre limites e faróis de Liberdade!

O tema da semana: são os médicos do trabalho médicos com restrição nos seus direitos?

Portugal dispõe de 1200 médicos de medicina do trabalho, uma classe envelhecida e que está proibida de trabalhar mais de 150 horas por mês, uma limitação que a Ordem dos Médicos considera um “perfeito absurdo”, disse à Lusa a presidente do Colégio de Medicina do Trabalho da Ordem dos Médicos, a Dra Maria José de Almeida, médica com rara capacidade de liderança e de trabalho.
A Dra Maria José Almeida avançou que um estudo da Ordem dos Médicos indica que seriam necessários 50 médicos a entrar para a formação especializada anualmente, quando, na prática, ronda a metade. A especialista admitiu que esse não é o número ideal, mas realçou ser necessário garantir “que os serviços com idoneidade formativa têm verdadeiramente condições para receber médicos internos”, e os formar durante 4 anos com qualidade.
Além de tudo isto temos a agravante de o Estado, que exige aos privados o cumprimento da Lei, não a cumprir, e haverem ainda situações tão caricatas quanto o facto de o Estado, onde cumpre a Lei, deliberadamente deixar de a cumprir. Voltarei a este tema num próximo artigo, porque é no trabalho que passamos a maior parte do nosso dia acordados, e porque a Autonomia permite pensar fora da caixa.

A homenagem da semana: aos faróis de Liberdade, em tempos sombrios

No dia 29 de março, no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, ocorreu o lançamento do livro “Laboratório Progressista e a Tirania dos Imbecis”, da autoria de João Maurício Brás. A sessão contou com a presença de João Maurício Brás, e do editor, José Manuel Costa. Um conjunto de gente não instalada, e boa, reuniu-se para um momento raro de Liberdade, onde se discutiu o presente e o futuro.
A este, que aqui escreve, coube a apresentação desta magnífica Obra, apresentação que passo a reproduzir, para todos os que ainda tenham alguma dúvida da necessidade de a ler.
Nesta Obra, João Maurício Brás analisa criticamente a modernidade ocidental e o impacto do progressismo na ética, na moralidade e na identidade humana. O autor argumenta que o Ocidente está a caminhar para uma degradação profunda, sob a ilusão de liberdade e progresso, mas na realidade promovendo um processo de desenraizamento, relativismo moral e destruição dos valores fundamentais da civilização.

  1. Introdução: O Ocidente e a Ilusão do Progresso
    Brás inicia a sua análise afirmando que o Homem moderno acredita estar mais evoluído e livre do que nunca, mas essa crença é ilusória. Em vez de progresso genuíno, a sociedade contemporânea está a afastar-se dos valores essenciais, entrando num estado de desorientação moral e existencial.
    Principais pontos:
  • Fim da ética e relativismo moral: A ética e a moral foram desacreditadas, e a ideia de que conceitos como “bem” e “verdade” são relativos tornou-se dominante.
  • Legalidade como único critério: A moralidade foi substituída por um sistema jurídico que rege todas as esferas da vida, deixando de existir valores universais.
  • A nova concepção do Homem: O progresso moderno defende um ser humano sem raízes, sem cultura e sem identidade fixa, aberto à manipulação e ao consumo desenfreado.
    O autor argumenta que esta concepção leva à criação de um Homem fragmentado e sem referência, onde tudo o que não é proibido é permitido, incluindo a transformação da natureza humana através da tecnologia.
  1. A Ilusão da Liberdade Ilimitada
    Brás critica a ideia de liberdade irrestrita, promovida pelo liberalismo e pelo progressismo.
    Segundo ele, a verdadeira liberdade não é a ausência de limites, mas sim a capacidade de escolher com responsabilidade.
    Principais pontos:
  • A negação dos limites: A sociedade moderna rejeita qualquer restrição como se fosse uma opressão, mas a ausência de limites conduz à decadência moral.
  • A falsa liberdade progressista: A liberdade foi reduzida à escolha individual, sem consideração pelo bem comum, o que gera uma sociedade fragmentada e sem valores.
  • Desenraizamento e solidão: A destruição dos laços sociais e culturais faz com que o indivíduo se sinta perdido e incapaz de encontrar um propósito real na vida.
    O autor argumenta que este modelo de liberdade conduz a cenários absurdos, como a normalização de grávidas inseminadas com sémen post mortem ou a possibilidade de integração humana com máquinas. Tudo em nome do “progresso”, mas sem consideração pelos impactos morais e existenciais.
  1. O Triunfo do Mundo Amoral
    Aqui, Brás faz uma análise do impacto do progressismo no desaparecimento da ética e da moralidade. Ele sustenta que, nas sociedades modernas, os valores tradicionais foram substituídos por um sistema jurídico e tecnocrático, onde tudo é permitido desde que seja legalmente aceitável.
    Elementos centrais:
  • A moral é considerada uma questão privada: Deixou de existir uma moralidade partilhada, sendo agora vista como um assunto individual e subjetivo.
  • A sociedade é governada por leis e não por princípios: O que não é proibido pela lei é visto como moralmente aceitável, o que leva a uma sociedade sem sentido de responsabilidade.
  • A ética do consumidor: A busca pelo prazer imediato e pelo consumo substituiu a procura por um sentido mais profundo da existência.
    O autor cita Aleksandr Solzhenitsyn, que criticou a degeneração moral do Ocidente, afirmando que uma sociedade baseada apenas na legalidade perde o sentido do bem e do mal.
  1. A Crise da Identidade e o Homem Desenraizado
    Brás argumenta que a destruição das raízes culturais, familiares e espirituais criou um homem atomizado, sem pertencimento e sem valores partilhados.
    Ideias principais:
  • A negação da continuidade histórica: O passado é visto como um fardo, e tudo o que é tradicional é considerado opressor.
  • A dissolução da identidade: Conceitos como masculino e feminino são desconstruídos, levando à perda de referências fundamentais para a organização social.
  • O individualismo extremo: Cada pessoa é incentivada a viver apenas para si mesma, sem preocupações com a comunidade ou com o futuro da sociedade.
    O autor destaca que esta nova visão é altamente manipulável, pois cria indivíduos isolados e frágeis, fáceis de controlar por elites políticas e económicas.
  1. O Papel da Tecnologia e do Consumo na Destruição do Homem
    O livro também discute o impacto da tecnologia e do consumismo na transformação da humanidade em mera mercadoria.
    Pontos-chave:
  • O culto da inovação pelo progresso: A tecnologia é promovida como a solução para todos os problemas, sem consideração pelos impactos morais e existenciais.
  • A mercantilização da vida: Tudo se tornou um produto – desde o corpo humano até às emoções e relações sociais.
  • O transumanismo como ameaça final: A crença de que os humanos devem evoluir através da tecnologia pode levar à aniquilação do próprio conceito de humanidade.
    O autor sugere que esta obsessão pelo progresso tecnológico está a levar-nos para um caminho sem retorno, onde o homem deixa de ser um ser ético e passa a ser apenas um produto da engenharia social e biológica.
  1. Conclusão: A Necessidade de Resgatar a Ética e os Valores Humanos
    Na parte final do livro, Brás propõe um resgate da ética e dos valores civilizacionais como única forma de impedir a destruição do Ocidente.
    Propostas do autor:
  • Reafirmar a importância da ética e da moralidade na vida pública e privada.
  • Resistir à cultura do relativismo e do progressismo radical, que destrói a identidade humana.
  • Redescobrir a verdadeira liberdade – aquela que está ligada à responsabilidade e ao respeito pelos limites naturais da vida.
  • Valorizar a continuidade histórica – em vez de rejeitar o passado, devemos aprender com ele e preservar o que há de melhor na nossa cultura.
    O autor encerra o livro com um alerta de que o Ocidente está em risco de colapsar se não recuperar os seus valores essenciais. Segundo ele, a sociedade moderna está a criar uma “civilização inumana”, onde o homem perde a sua essência e se torna um mero agente de consumo e manipulação. Enfim, mais uma magnífica obra de João Maurício Brás, que a cada página nos apela à reflexão. De leitura obrigatória!
  • Mário Freitas*
  • Médico, Coordenador Regional da Saúde Pública dos Açores
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