De 22 de Novembro de 2024 a 22 de Março de 2025, na Sala do Coro Baixo do Palácio da Conceição, esteve patente ao público a Exposição “Nos 50 anos do 25 de Abril: Mota Amaral”.
Com um acervo documental em larga escala saído do Arquivo de Sua Excelência, hoje à guarda da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, a mostra é, mais que uma visita à vida de serviço público do próprio, uma viagem privilegiada aos bastidores do último meio século da história de Portugal, que ajudou a delinear por inerência não só das funções enquanto Presidente do Governo Regional, que desempenhou entre 8 de Setembro de 1976 e 20 de Outubro de 1995, como, numa fase posterior, enquanto Vice-Presidente e Presidente da Assembleia da República e Deputado. Foi, pode dizer-se, um dos políticos portugueses que mais eleições venceu – talvez só atrás de Alberto João Jardim -, e, não obstante “bem instalado” na cadeira de Presidente do Governo, não se coibiu de dar o salto para a República, abdicando do conforto de uma posição de líder pela acutilância da vida parlamentar, onde a sua orientação valeria apenas um voto entre 230.
Sendo muitas vezes apontado por progressistas como demasiado conservador, a verdade é que, a esta distância, em retrospectiva, pode comprovar-se que foi e continua a ser um cidadão global, com uma visão de mundo e cosmopolitismo que, sendo inata/o, se revelou definitivamente quando chamado a exercer os mais altos cargos da nação.
João Bosco Mota Amaral, basta ler o que escreve, continua a ser um político preocupado e atento aos desequilíbrios globais: a América (Continente), a Europa, o Médio-Oriente, a Ucrânia, a Igreja Católica, enfim, o mundo que vê e que, é perceptível nas suas palavras, o inquieta. O mundo que, tal como está, não pode abdicar de um dos seus Senadores.
Mas voltando ao início, porque surge este texto em resposta a um desafio lançado por amigos: seria de um valor inestimável levar a exposição “Nos 50 anos do 25 de Abril: Mota Amaral” a todos os Concelhos de São Miguel e dos Açores. As autarquias terão, com toda a certeza, para além do relevante interesse histórico, os meios técnicos, logísticos e humanos para exibir às suas populações a vida e obra de um dos maiores vultos humanos e intelectuais da história de Portugal recente, reconhecido aqui e além-mar. Se descentralizar é levar luz onde a escuridão prevalece, que se unam esforços e se leve Mota Amaral ao povo mais profundo que nele votou.
Nota da Redacção: O Doutor João Bosco Mota Amaral, colaborador deste jornal há dezenas de anos, completa hoje 82 anos de idade. Os nossos parabéns.
Por Carlos Costa Matos