No próximo Domingo, 27 de Abril, dia da Divina Misericórdia, a partir das 14h, a Paróquia de Sant’Ana das Furnas realizará a tradicional Procissão do Senhor aos Enfermos, uma manifestação de fé secular profundamente enraizada na comunidade. Nesta ocasião, o Senhor Ressuscitado visitará solenemente os doentes da freguesia, levando-lhes consolo espiritual e a bênção do Santíssimo Sacramento.
O pároco, Pe. Francisco Zanon, salientou a importância desta iniciativa, destacando a necessidade de os doentes compreenderem a sua condição e encontrarem na fé uma esperança renovada. “É essencial que os enfermos compreendam o seu estado actual e acolham a esperança de uma vida renovada em Cristo. Eles devem sentir que, mesmo neste momento difícil, estão unidos a Jesus, que também sofreu e curou as nossas feridas. A alegria de estar com Ele ajuda a enfrentar os problemas, as doenças e o sofrimento com mais coragem.”
A Procissão do Senhor aos Enfermos é uma das expressões religiosas mais antigas e emblemáticas da ilha de São Miguel, destacando-se, em particular, pelos tapetes de flores artisticamente elaborados que enfeitam as ruas, numa demonstração de fé e devoção. “Muitas pessoas envolvem-se na preparação e decoração das ruas, assim como na organização e participação na procissão. É uma manifestação acessível a todos, em que se caminha na alegria e na graça de Jesus Eucarístico”, referiu o sacerdote.
Este ano, devido às suas condições de saúde, 15 doentes receberão a bênção do Santíssimo nas suas casas. “É com grande expectativa que aguardam este momento. Apesar de, ao longo do ano, receberem a visita do pároco ou dos ministros da comunhão, este dia é vivido com especial emoção. Muitos contam os dias e os minutos para receberem Jesus de forma solene”, explicou o pároco.
Maria José, de 82 anos, será uma das enfermas a receber a visita do Senhor Ressuscitado. “Sinto-me muito alegre e aliviada no coração, porque vou receber Jesus Cristo na minha casa. É um dia muito especial, uma visita diferente, cheia de alegria. Quero acolher a alegria da Ressurreição do Senhor e peço por saúde, alegria e paz, num mundo tão fragilizado.”
Nesta freguesia, é também tradição que, neste dia, os símbolos do Divino Espírito Santo percorram as ruas. Juvenália Vertentes, responsável por uma mordomia, partilhou a sua devoção: “A presença do Divino Espírito Santo é algo de extraordinário. Sente-se o brilho, o sentimento de diálogo interior com Ele. Mesmo nas angústias, falamos com o Espírito Santo, e Ele responde no nosso coração, para aqueles que têm fé. Preparo tudo com emoção e alegria, porque sei que estou a fazê-lo para alimentar a nossa luz divina.” Recordando um episódio marcante da sua vida, relatou: “Estava num momento difícil, o meu marido quase perdeu um braço. Rezei intensamente ao Espírito Santo e Ele recuperou-o. Eu vivo o Senhor Espírito Santo todos os dias da minha vida.” A família Vertentes recorda com ternura a experiência de acolher o Espírito Santo em sua casa: “É uma grande alegria. Devemos ensinar às crianças que o Espírito Santo é vivo e presente nas nossas vidas.”
Após a comunhão, cada doente receberá, por meio dos escuteiros, uma lembrança oferecida por diversas instituições e particulares, num gesto de carinho e reconhecimento. A procissão contará com o acompanhamento da filarmónica local, do coro paroquial e dos impérios do Divino Espírito Santo, que nesse dia coroarão durante a Eucaristia, celebrada no início da procissão.