Dois livros recentes, escritos por um açoriano e uma açoriana, vieram quebrar a monotonia destas ilhas e trazer-nos um pouco do melhor que se faz em outros centros irradiadores de cultura, arte, ciência e conhecimento. Ainda bem, é sinal de que Ponta Delgada, ainda que atlântica e isolada, tem muito para dar ao país e ao mundo, tal como preconizado anteriormente por Natálias e Nemésios que só não são esquecidos na poeira dos tempos e das bibliotecas porque algumas entidades persistem na memória das nossas raízes e da nossa cultura.
Leonor Sampaio da Silva, finalista do prémio romance Leya, uma das mais importantes empresas de edição, distribuição e comercialização de livros em Portugal, lançou recentemente “Passagem Noturna”, uma sátira ao estado do turismo na Região, provando que não há realidade ou assunto da nossa atualidade que não seja passível de crítica e reflexão, ou como a própria autora diz “a literatura serve para refletir sobre a sociedade, o nosso tempo e sobre nós próprios”.
Mais recentemente, Almeida Maia trouxe-nos o seu último trabalho, “Condenação”, editora Cultura. Este autor é, pelos melhores motivos, um dos raros exemplos da cultura açoriana que, pela sua tenacidade e talento, venceu a barreira do oceano e faz parte da vitrina de autores das grandes cadeias nacionais, a par igualmente com Leonor Sampaio da Silva.
“Condenação” é mais um daqueles livros de cortar a respiração e revelar peripécias inauditas de um açoriano em terras norte-americanas. Uma vez mais, Maia (assim lhe chamo na intimidade) revela o seu pendor por temas da diáspora, um filão que está há décadas por explorar.
Por isso, parabéns Leonor e parabéns Pedro por terem tido a coragem, a ousadia, e o que mais que sabem, para levarem os vossos livros um pouco mais longe.
Pela parte que me toca, que em outras guerras escrevera sobre centenas de livros para leitura de verão, desta vez opto por “Passagem Noturna” e “Condenação”. São livros obrigatórios e non stop para a estação.
Luís Soares Almeida