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Partidos com posições diferentes em relação à situação financeira da SATA

O deputado do PSD/Açores Paulo Simões destacou, ontem ,”o bom trabalho que tem vindo a ser feito pelo Governo da Coligação PSD/CDS-PP/PPM na consolidação da SATA” que contrasta “com os fracassos e as reestruturações mal conseguidas dos vários executivos socialistas, no passado”.
O parlamentar interveio durante o debate de urgência sobre a situação financeira e a viabilidade da empresa, que também visou o processo de privatização da Azores Airlines, onde afirmou que “este Governo tem vindo a melhorar, de facto, as contas da SATA”.
“Aliás, os números demonstram a trajectória de recuperação da empresa com os executivos de Coligação liderados por José Manuel Bolieiro, como se vê nos resultados líquidos da Sata Internacional de 2022 (-34 milhões de euros) e de 2023 (-26 ME), que comparam com os exercícios financeiros de 2019 (-56 ME), 2018 (-63,4 ME) e 2017 (-37,6 ME)”, lembrou.
“E a verdade é que o Partido Socialista fica incomodado e acha que não se deve falar do passado, esquecendo-se que quando começou a ser governo, em 1996, também olhava para trás e obliterava o passado. Hoje, esse passado tem a assinatura dos governos do PS liderados por Vasco Cordeiro”.
Paulo Simões recordou que, “um ano após a tomada de posse de Vasco Cordeiro a SATA Air Açores entrou em falência técnica. Estávamos em 2013 e, três anos mais tarde, a SATA Internacional também entrou em falência técnica. Ou seja, em apenas quatro anos o governo socialista de Vasco Cordeiro destruiu a SATA”, avançou.
“E não foi por falta de aviso”, disse, uma vez que, “em 2013, o então CEO do Grupo SATA, António Gomes de Menezes, alertou a tutela para os graves problemas financeiros e risco de ruptura de tesouraria ao ponto de poder falhar o pagamento de salários; O governo socialista fez ouvidos de mercador”, prosseguiu o deputado.
“Até porque avisou ainda o governo socialista de que o caminho que estavam a trilhar iria conduzir à falência técnica em menos de três anos. Três anos mais tarde esse cenário, infelizmente para os Açores e para os açorianos, concretizou-se”, frisou Paulo Simões, resumindo que, “entre 2013 e 2019, a SATA Internacional foi responsável por 90% do prejuízo do Grupo SATA, como consta de um relatório arrasador do Tribunal de Contas, de que os governos do Partido Socialista nunca conseguiram corrigir os erros”.
O deputado do PSD/Açores foi claro: “Com os governos do PS foram-se acumulando prejuízos e foi-se deteriorando o capital da SATA, que em 2019 viu o seu passivo aumentar 134% para cerca de 500 milhões de euros e com um prejuízo acumulado de 260 ME. Nesse período o capital próprio passou de 19,4 ME negativos para mais de 230 ME de euros negativos, um aumento de 1087%”.
“Para além dessa acentuada erosão financeira, ao longo dos anos sucederam-se os presidentes do Conselho de Administração e a maioria saiu em conflito com a tutela, casos de António Gomes de Menezes, que se demitiu devido a constantes interferências do então Secretário Regional Vítor Fraga; de Luís Parreirão, o pai do Cachalote e que foi responsável por um buraco ainda por explicar de 50 milhões de euros; Paulo Menezes, que saiu com uma relação deteriorada com o governo regional; António Luís Teixeira, por atrasos na implementação das medidas de reestruturação da SATA; e Luís Rodrigues, que saiu a pedido de António Costa, então Primeiro-Ministro, que o convidou para CEO da TAP sabendo que a SATA estava em pleno processo de privatização, que o mesmo liderava”, elencou Paulo Simões.
“E se recuarmos mais no tempo, também António Cansado, talvez o mais emblemático CEO da SATA, saiu por divergências estratégicas com o então Secretário Regional da Economia, Duarte Ponte”, apontou o deputado social-democrata. “E chegamos a 2024, um ano marcado por diversas dificuldades excepcionais e não repetíveis, em que importa não esquecer o contexto macro, o contexto internacional complexo, a guerra na Ucrânia que teve um impacto profundo, resultando no aumento dos custos das matérias-primas e contribuindo para uma crise inflacionista global”, avançou.
“O que vivemos hoje é uma situação diferente, mas a verdade é que o passado impacta, de facto, no presente e no futuro da SATA. Tanto que, de acordo com vosso [do Partido Socialista] Plano de Negócios de 2015 a 2020, o grupo SATA iria necessitar de pelo menos 15 anos para liquidar as suas obrigações financeiras. Portanto, nunca antes de 2030 a situação ficaria resolvida”, explanou Paulo Simões.
“E se a isso acrescentarmos os mais de 112 milhões de euros de Obrigações de Serviço Público, que nunca foram pagas desde 2015, e adicionarmos os 50 milhões de euros do Cachalote, estamos a falar de pelo menos 150 milhões de euros”, alertou, concluindo com uma citação de uma ex-deputada regional do PS, porque “Um ano mau de resultados não faz o historial de uma empresa”.

Desastre operacional e financeiro
da SATA exige mais competência,
rigor e transparência na Governação,
afirma PS/Açores

O Vice-Presidente da bancada socialista, Carlos Silva considerou que a situação financeira e operacional da SATA é hoje muito mais grave do que em 2019, apesar de o contexto económico ser favorável e dos milhões injectados no grupo, voltando a reiterar a disponibilidade do PS/Açores para ser parte da solução.
“Foram injectados mais de 450 milhões de euros na empresa, mas os prejuízos acumulados são históricos, para além do caos operacional que se regista actualmente, com atrasos, cancelamentos, salários e impostos em atraso, agravados por uma governação irresponsável e um processo de privatização mal conduzido”, denunciou.
No debate de urgência sobre a situação da Azores Airlines, o socialista criticou a actuação do Governo de Coligação, em primeiro lugar, e mais uma vez, pela ausência do Presidente do Governo no debate, o que considerou “revelador da fuga à responsabilidade”.
Para além disso, afirmou que “o processo de privatização da SATA foi mal conduzido, mal gerido e a cada dia que passa a empresa perde valor”, acrescentando que o Governo “não aproveitou a oportunidade única de reestruturação aprovada pela Comissão Europeia”.
Carlos Silva denunciou ainda a falta de transparência na gestão do processo, sublinhando que as contas da empresa referentes a 2024 e ao primeiro trimestre de 2025 continuam por publicar, em violação da lei e em claro prejuízo do escrutínio público.
“Não podemos continuar a discutir a SATA com base em fragmentos de informação. É essencial que o Governo e a administração prestem esclarecimentos rigorosos ao Parlamento, que tem sido sistematicamente impedido de aceder à informação necessária para um debate sério”, defendeu.
O Vice-Presidente da bancada parlamentar socialista confrontou ainda o Executivo com as suas contradições, nomeadamente, quando “prometeram reduzir a dependência da SATA em relação à Região, mas o que se verifica é o aumento da dependência e da subsidiação”, para além das escolhas de rotas e políticas expansionistas que foram autorizadas pelo accionista, ou seja, pelo próprio Governo Regional e agora são criticadas”.
“Não basta procurar culpados no passado ou em factores externos. É preciso competência, rigor e transparência”, concluiu Carlos Silva.

Chega exige responsabilidade
para prejuízos da SATA

O Chega promoveu um debate de urgência sobre a Azores Airlines, que classificou como “desastre económico” que se vem arrastando ao longo dos anos, com avultados prejuízos que custam dinheiro a todos os Açorianos.
O deputado Francisco Lima declarou que a Azores Airlines “é um exemplo flagrante de décadas de má gestão, incúria política e desrespeito pelos contribuintes. A situação financeira é absolutamente desastrosa, a viabilidade económica é nula e o processo de privatização arrasta-se há meses — melhor, há anos — com fortes indícios de fracasso iminente”.
Perante este cenário, avançou-se para a privatização, num processo que está parado, e, em 2024, apesar de mais passageiros transportados e aumento de receita, os prejuízos da SATA foram ainda maiores, principalmente devido à Azores Airlines.
Francisco Lima reforçou que estes resultados são a prova da “falta de competência das sucessivas administrações da SATA, o que não acontece agora, mas há décadas, aliás vem do século anterior. A realidade é que a SATA acumula, desde 2021, centenas de milhões de euros em prejuízos. As desculpas com as heranças do passado da governação socialista já não explicam estes resultados”. Até o próprio Governo Regional já se queixa da SATA, lembrando Francisco Lima as declarações do Vice-Presidente do Governo que afirmou que “a TAP trata melhor os Açores do que a própria SATA”.
Enquanto o sector da aviação global próspera com lucros bilionários, a SATA afunda-se em prejuízos. Apesar da administração da SATA ter apresentado um plano de reestruturação, “os Açorianos não viram qualquer evidência concreta de que o plano esteja a dar resultados”, nem os deputados viram sequer os resultados financeiros do 1.º trimestre de 2025, conforme é obrigação legal o governo o fazer.
“Durante anos, ouvimos promessas de reestruturação, mudanças de gestão e, agora, um processo de privatização que foi anunciado em Março de 2023 e que está parado. Não há calendário, não há resultados, não há explicações. Só silêncios. Só mais tempo perdido. Só procrastinação. Esta é uma empresa que consome dezenas de milhões de euros por ano, desviando recursos que deviam ser investidos em áreas essenciais como a saúde, a educação e o apoio à economia”, reforçou Francisco Lima.
Perante este “desastre económico” que dura há anos, o presidente da SATA culpa tudo e todos pelos maus resultados em 2024: o clima agreste dos Açores, as avarias, as colisões com aves, os defeitos dos aviões como o Airbus A320 Neo que nas suas palavras é um “flop” e até os empresários, acusando-os da SATA ter servido de “barriga de aluguer para o tecido económico e empresarial dos Açores”. Mas sobre a má gestão com aumentos salariais irresponsáveis e inexplicáveis de mais de 30% nada diz, nada sabe, nada explica.
O Chega exige responsabilidades e quer saber se o Plano de Sustentabilidade tem dado resultados, se o plano de reestruturação acordado com a União Europeia está a ser cumprido, se o Grupo SATA tem viabilidade financeira para manter as ligações inter-ilhas, com o continente e com a diáspora. Francisco Lima exigiu ainda resposta sobre o processo de privatização e quis saber qual a decisão a tomar, caso o processo de privatização da Azores Airlines não se concretize até 31 de Dezembro de 2025.

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