Em comunicado de impressa a Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH ) alertou para a grave crise no abastecimento de bens essenciais na ilha Terceira resultante “de disfunções graves nas ligações marítimas que asseguram o transporte regular de mercadorias para a ilha.”
De acordo com a CCIAH, a ilha Terceira assume “um papel central na economia regional, com forte expressão nos sectores da agricultura, pecuária, indústria, comércio, turismo e serviços públicos estratégicos”, porém esta mesma força económica encontra-se “gravemente afectada por falhas sistemáticas no sistema logístico marítimo, com impactos directos na vida das empresas, das famílias e de toda a sociedade.”
A falta de bens de primeira necessidade nas prateleiras que vão desde a produtos alimentares até matérias-primas para a actividade produtiva está a gerar “prejuízos às empresas conduzindo à degradação económica, e perda de confiança por parte dos agentes económicos”, frisou o comunicado.
“O exemplo mais recente e ilustrativo desta disfunção logística foi a retenção de contentores com iogurtes em Lisboa, impossibilitando o seu transporte atempado para a Terceira e restantes ilhas do grupo central. Estes produtos, com prazo de validade limitado, chegaram à ilha já fora do período de consumo adequado ou, simplesmente, nunca chegaram a ser distribuídos. Trata-se de um caso concreto de desperdício económico, prejuízo directo para empresas locais e falha grave no acesso dos consumidores a bens essenciais”, pode ler-se.
“Não é admissível, em pleno século XXI, que na ilha Terceira, com peso económico e estratégico evidente, enfrente prateleiras vazias, rupturas de stock e empresários forçados a reduzir ou suspender a sua actividade” mencionou a CCIAH que ressalvou que os “prejuízos são reais e acumulam-se dia após dia. Os empresários estão a ficar cansados e a desistir. Mas esta Câmara do Comércio não deixará que isso aconteça.”
“O combate à pobreza, à exclusão social e ao declínio da natalidade não se faz apenas com medidas sociais. Faz-se, acima de tudo, com uma economia activa, pujante e bem abastecida. Hoje, esse caminho está vedado a grande parte das ilhas açorianas, em particular à Terceira, por falta de previsibilidade e eficácia nos transportes marítimos”, sublinhou.
Deste modo a CCIAH frisou a “importância da valorização do Porto da Praia da Vitória como uma porta de entrada fundamental para os Açores”, explicando que a “sua plena utilização, com reforço de ligações regulares e eficientes, pode e deve garantir maior estabilidade, previsibilidade e capacidade de resposta logística — não apenas para a Ilha Terceira, mas para todo o arquipélago.”
“A dinamização do mercado interno regional passa, também, pela concretização do conceito de “auto-estradas do mar”, amplamente defendido e explanado por esta Câmara, enquanto modelo logístico moderno, sustentável e integrado. Este conceito aposta numa circulação marítima eficiente entre as ilhas e com o exterior, garantindo fluxo constante de mercadorias, economia de escala e redução de custos — promovendo assim um verdadeiro mercado regional interligado, com maior coesão económica e territorial”, enfatizou a CCIAH, que revelou ainda que já foi solicitou à “Senhora Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Transportes uma reunião com os três armadores que operam na Região, com o objectivo de, em conjunto, encontrar uma solução definitiva para este problema que estrangula o desenvolvimento da Terceira e compromete o progresso económico dos Açores.”
“A economia da Terceira, o seu futuro e a qualidade de vida da sua população não podem continuar a ser prejudicados por falhas estruturais evitáveis”, finalizou o comunicado.