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Residentes destacam pontos positivos e negativos no turismo, mostrando-se preocupados com a subida de preços das casas

O inquérito do Observatório do Turismo dos Açores (OTA), sobre a Percepção dos Residentes dos Açores face ao Desenvolvimento do Turismo na Região, agora divulgado, traça um retrato ambivalente da relação dos açorianos com o turismo: 90% dos inquiridos classificam o desenvolvimento do sector como “satisfatório” ou melhor, mas assinalam impactos negativos nos preços da habitação e na pressão sobre os recursos naturais. O estudo recolheu 833 respostas válidas, via questionário online, entre Maio e Setembro de 2024, nas ilhas com maior fluxo turístico — São Miguel (298), Terceira (270) e Faial (265) — e teve por universo os 219.247 residentes da Região.
Em termos de avaliação global, 41% consideram o desenvolvimento “satisfatório”, 36% “bastante satisfatório” e 13% “muito satisfatório”; apenas 10% o classificam como “pouco” ou “muito pouco satisfatório”.
No plano económico, a maioria reconhece benefícios como a criação de emprego (79,9%) e a atracção de investimento, mas identifica efeitos colaterais expressivos: 77,6% dizem que o turismo eleva o preço de terrenos e casas, 74,7% referem a subida dos preços de bens e serviços e 71,6% apontam o aumento do custo de vida.
Nos impactos sociais, o estudo assinala percepções divididas: 53,5% entendem que o turismo melhora o acesso a equipamentos e locais de lazer, mas cerca de metade refere perturbações na vida quotidiana (barulho, comportamentos desadequados, lixo) e falta de recursos humanos qualificados no sector.
No plano cultural, prevalecem leituras positivas: 68,3% dizem que o turismo valoriza o património imaterial e mais de dois terços apontam ganhos em conservação e oferta cultural; ainda assim, entre 30% e 37% temem perda de autenticidade e identidade.
A dimensão ambiental é um dos pontos críticos: 63,0% consideram que o turismo aumenta os níveis de poluição e 59,7% sentem uma elevada pressão sobre o ambiente natural nas épocas altas, apesar de 57,6% reconhecerem contributos para a conservação dos recursos.
Em termos de atitude cívica, a perceção de participação é baixa: 42,5% nunca se envolvem nos processos de decisão sobre o desenvolvimento turístico e 53,9% dizem não receber informação suficiente para compreender esse desenvolvimento (somando “nunca” e “raramente”).
Questionados sobre o rumo do destino, 75,7% consideram que os Açores seguem um modelo de turismo sustentável, embora um quarto discorde e aponte “excesso de alojamento local”, “défice de planeamento” e “pressão sobre recursos” como razões da divergência.
Já quanto à perceção local, entre 65% e 75% dos residentes, consoante a ilha, concordam que “o turismo é bom” para a sua ilha, com São Miguel a registar os níveis mais altos de concordância e a Terceira os mais baixos.
Nas prioridades e riscos a longo prazo, a falta de mão de obra qualificada surge como a principal ameaça (24,3%), seguida de preços elevados face à qualidade oferecida (14,3%), pressão sobre infraestruturas em épocas altas (13,8%) e falta de alojamento disponível nesse período (11,7%). A sazonalidade, a pouca oferta face à procura e a escassez de carros de aluguer completam o quadro de constrangimentos apontados pelos residentes.
Entre as sugestões, destacam-se a limitação de visitantes em locais sensíveis, o reforço e regulação do alojamento local, mais fiscalização, melhoria da rede de transportes públicos e aposta em turistas que deixem mais valor no destino, além de maior qualificação dos recursos humanos.
O inquérito integra o vector “Moni-torizar” do OTA — membro da rede internacional INSTO da Organização Mundial do Turismo desde janeiro de 2020 e pretende fornecer evidência para políticas de equilíbrio entre crescimento do sector e bem-estar das comunidades.

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