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Saúde (do) Pública(o) (36) – O sucesso da My Saúde Açores

“Na Europa, um relatório revelou que o progresso no combate a doenças crónicas, como o cancro e as doenças cardíacas, parou em muitos países. Nações como a Suécia e a Finlândia destacam-se pelos seus bons resultados, enquanto outras enfrentam retrocessos, devido ao envelhecimento da população
e às desigualdades no acesso a tratamentos.”

Os temas da semana: Novas Perspectivas nos Estados Unidos e os Mosquitos na Europa

Nos Estados Unidos, o debate sobre a Saúde Pública continua em destaque, desta feita com um relatório da Comissão MAHA, liderada pelo Secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr. Esta comissão propôs esta semana mais de 100 estratégias para combater o aumento de doenças crónicas nas crianças, como a obesidade – situação em que o corpo acumula excesso de gordura, o que leva a problemas como a diabetes e as doenças cardíacas, ao longo da vida. Entre as sugestões, estão: oferecer leite inteiro nas escolas (ao invés de versões desnatadas, para promover uma nutrição mais equilibrada), aumentar a fiscalização sobre a publicidade a remédios e alimentos pouco saudáveis direccionados a jovens, e criar um grupo especializado nos “Institutos Nacionais de Saúde” para estudar as doenças crónicas e o impacto dos pesticidas, reduzindo assim a exposição a substâncias químicas prejudiciais. Estas ideias pretendem prevenir os problemas antes que eles se agravem, tornando a saúde das crianças uma prioridade nacional.
Ainda nos EUA, a Autoridade de Saúde da Flórida anunciou a eliminação gradual da obrigatoriedade da vacinação contra a Hepatite B (uma infecção que atinge o fígado) e a varicela, em crianças em idade escolar, a começar 90 dias após 3 de Setembro. Vacinas como as contra o sarampo e a poliomielite continuam obrigatórias. Esta mudança pode diminuir as taxas de imunização, elevando o risco de surtos – situações em que doenças se espalham rapidamente –, o que poderá resultar em mais hospitalizações e, infelizmente, mortes entre os jovens. É uma lembrança de como as decisões políticas influenciam a protecção colectiva contra as infeções.
Na Europa, um relatório revelou que o progresso no combate a doenças crónicas, como o cancro e as doenças cardíacas, parou em muitos países. Nações como a Suécia e a Finlândia destacam-se pelos seus bons resultados, enquanto outras enfrentam retrocessos, devido ao envelhecimento da população e às desigualdades no acesso a tratamentos. O documento realça a necessidade de políticas mais fortes na União Europeia para reverter essa tendência, garantindo que todos tenham hipóteses iguais de uma vida saudável.
Outro alerta na Europa vem dos mosquitos-tigre, insectos que transmitem o vírus da dengue – uma febre grave que causa dores intensas e, em casos raros, complicações mortais. Estes mosquitos espalharam-se em vários países durante o Verão, aumentando os casos confirmados. As Autoridades de saúde recomendam a vigilância constante e o controlo das populações de insectos, para evitar epidemias locais, especialmente no sul do continente, onde o clima favorece a sua proliferação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa organizará um workshop de 17 a 19 de Setembro sobre direitos humanos e cuidados em saúde mental. O evento capacitará profissionais para reformas no sistema, abordando como os problemas mentais podem ser passados de geração em geração, e promovendo tratamentos centrados no indivíduo, especialmente em grupos vulneráveis. Isto reforça a importância de tratar a mente com o mesmo cuidado do que o corpo.
Em Portugal, no dia 15 de Setembro, celebrou-se o 46.º aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o sistema público que oferece cuidados gratuitos, acessíveis a todos. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, descreveu-o como um “pilar fundamental” da democracia, enquanto a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, destacou a sua essência como um bem colectivo. Já o bastonário da Ordem dos Médicos alertou para uma crise grave, com escassez de médicos e enfermeiros, agravada pela pouca atractividade do setor público – um desafio que precisa de soluções urgentes para manter o SNS forte.
No Dia Mundial da Prevenção do Suicídio (10 de Setembro), o Ministério da Saúde lançou a Linha Nacional de Prevenção do Suicídio (1411), uma ferramenta para detectar sinais precoces de pensamentos suicidas e oferecer apoio emocional. O SNS incentiva gestos simples, como perguntar “Está tudo bem?” a alguém próximo, pois isto pode salvar vidas. Num momento em que a saúde mental é prioridade, esta iniciativa promove a empatia e a prevenção.
Um inquérito da UNICEF Portugal mostrou que, pela primeira vez, além da pobreza e do custo de vida, as crianças e os jovens preocupam-se com saúde mental, discriminação e segurança digital. O estudo pede políticas que combatam as desigualdades sociais e promovam o bem-estar psicológico, ajudando as novas gerações a crescerem mais seguras.
No Dia Europeu da Enxaqueca (12 de setembro), a associação MiGRA Portugal lembrou que essa dor de cabeça intensa atinge mais pessoas do que a diabetes e a asma combinadas, apelando ao acesso facilitado a medicamentos preventivos, para melhorar a qualidade de vida dos doentes.
Nos Açores, o Governo Regional adoptou tecnologias aprovadas para o SNS continental, incluindo medicamentos, actos preventivos, diagnósticos e tratamentos, com adaptações locais, para uniformizar o acesso a inovações. Já a plataforma digital My Saúde Açores, que permite agendar consultas e aceder a serviços online, superou a meta dos 25 mil utilizadores antes do prazo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), demonstrando o entusiasmo da população por ferramentas modernas que facilitam os cuidados com a saúde.

A homenagem da semana: Dr. Perry Halkitis e Adam Roth

O Dr. Perry N. Halkitis, epidemiologista de doenças infecciosas nos EUA, recebeu o Prémio de Excelência em Liderança J. Michael McGinnis da Associação Interdisciplinar para a Ciência da Saúde Populacional, durante a sua conferência anual em Pittsburgh (8 a 11 de Setembro). O seu trabalho inovador em investigação sobre infecções, estatísticas e prevenção comportamental promove a equidade em saúde, beneficiando as populações vulneráveis e reduzindo desigualdades.
Na Europa, Adam Roth, chefe dos programas de fellowship no Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), foi homenageado no Dia Mundial da Epidemiologia de Campo (7 de Setembro), com o tema “Making Our Mark: Field Epidemiology in Action”. A sua liderança no treino de profissionais fortalece a capacidade de resposta a surtos, preparando os profissionais para emergências globais e aumentando a resiliência em saúde pública.
Estes colegas mostram como a ciência aplicada pode proteger as comunidades, e inspiram-nos a valorizarmos os esforços colectivos pela saúde.

Mário Freitas*

  • Médico de Saúde Pública e de Medicina do Trabalho
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