“O Festival Literário das Himalaias em Katmandu, receberá em breve uma voz que traz consigo tanto os ecos das Sierra Foothills da Califórnia como as marés ancestrais dos Açores. Lara Gularte, Poeta Laureada (emérita) do Condado de El Dorado, Califórnia, levará a sua presença luminosa e a sua poesia de múltiplas camadas a este encontro internacional de escritores”, revela comunicado.
Autora das obras Fourth World Woman (Finishing Line Press) e Kissing the Bee (The Bitter Oleander Press), Gularte explora com rara sensibilidade a história dos seus antepassados pioneiros portugueses que emigraram dos Açores para o Norte da Califórnia no final do século XIX. O crítico literário Vamberto Freitas, da Universidade dos Açores, definiu o seu trabalho como “poesia que testemunha a nossa perpétua busca do eu”, situando a sua voz num contínuo de exílio, pertença e reinvenção.
A sua poesia, várias vezes nomeada para o Pushcart Prize, tem sido publicada em revistas e antologias nacionais e internacionais. Profundamente ligada à comunidade, Gularte está associada ao Colóquio Cagarro: Escritores da Diáspora Açoriana, parte do Instituto Português Beyond Borders Institute (California State University, Fresno), e já participou em inúmeras leituras promovidas pelo PBBI-Fresno State.
Para além da escrita, é professora de criação literária no Mule Creek State Prison, co-animatora de oficinas de escrita em bibliotecas da sua região, e é reconhecida pelas suas oficinas de escrita ekfrástica em galerias e espaços culturais. Além disso, é curadora e anfitriã da série mensal de grande sucesso Poetry of the Sierra Foothills, no Chateau Davell Winery, em Camino, Califórnia.
A sua poesia é uma ponte — entre mares, culturas e gerações. A Bruma Publications prepara-se para publicar uma nova coletânea com a sua obra, reunindo todos os poemas em que a autora explora a identidade açoriana no seio da sociedade multicultural da Califórnia. Lara Gularte tem raízes nas ilhas do Pico e das Flores.
Segundo Diniz Borges, director da Bruma Publications, “nos seus versos pulsa sempre o arquipélago: a pedra vulcânica, o voo do cagarro, a memória das migrações inscrita nos ossos dos descendentes. Lara Gularte dá voz à identidade açoriana que sobrevive e floresce até na quarta geração de californianos, recordando-nos que a herança não se dilui com a distância — renova-se através da língua, da imaginação e do amor.” Acrescentando que “as suas palavras carregam a força das ondas atlânticas e a resiliência de um povo que resiste, para que, nos Himalaias, a sua poesia se eleve como névoa e fogo, levando os Açores ao ar rarefeito de Katmandu”.