O líder comunista Álvaro Cunhal, costumava dizer: “Pouco me interessa que falem bem ou mal da minha pessoa. O que interessa é que falem”.
Assim acontece neste momento com os Açores. Todos os canais televisivos do retângulo, privados ou públicos, dedicam-se a seguir o curso da ‘Gabrielle’, feminino de Gabriel. Aos fenómenos meteorológicos são dados nome da primeira pessoa que deteta. Neste caso, foi uma dona Gabriela dos serviços de meteorologia da Flórida, EUA.
Há décadas atrás, vivíamos num quase completo isolamento no meio deste quintal atlântico. Hoje, já não é assim. As coisas não melhoraram no estado de sentir da população continental em relação às neocolónias dos Açores e da Madeira. O que mudou foi a tecnologia e rapidez de informação. De forma instantânea, o mundo pode saber o que e como passamos os dias, tal como nós sabemos do mundo.
Toda a informação que tem sido transmitida dos Açores, principalmente televisiva, com correspondentes in loco, leva a milhões de lares algumas perspetivas sobre as verdades insulares do norte atlântico. Tem o grande mérito de mostrar a beleza frustrada pela natureza, em que não há bela sem senão.
E quanto mais o povo do retângulo conhecer realidades geográficas da denominada ‘soberania nacional insular’, melhor terá a noção das necessidades excepcionais bem como das diferenças profundas do viver isolado no meio do nada, rodeado de mar por todos os lados.
Claro que sempre haverão exceções, como a que ocorreu com um artigo de um antigo presidente da república escrito há dias no jornal de um seu amigo antigo primeiro-ministro. O nome do bicho é fácil: Cavaco Silva, o neocolonialista que nunca gostou dos Açores, entrando em confronto com João Bosco Mota Amaral, desde que a múmia algarvia ‘apunhalou’ pelas costas o líder açoriano num congresso partidário no Casino Peninsular da Figueira da Foz. E foi um fogo que lhe pegue para a vida destas duas personagens. As visitas da emproada múmia presidencial aos Açores, eram recebidas com gravatas pretas em luto e óculos escuros por todos os políticos açorianos de então. E em 2008 «… me opus com vigor ao Governo e à Assembleia da República sobre a aprovação do novo Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores por entender que estava em causa a configuração do Estado português como Estado unitário e incluía normas inconstitucionais e que punham em causa o princípio da separação e equilíbrio de poderes do nosso sistema político». (Expresso, 19set2025).
Mas no meio desta barafunda oca, o Major-General João Vieira Borges, presidente da Comissão Portuguesa de História Militar, afirmava há dias, em direto televisivo num comentário sobre as guerras:
«… Os Açores representam a maior reserva para Portugal em termos, entre outras coisas, da sua localização estratégica ideal, há séculos e para muitos séculos…».
José Soares