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Bach. O Pai da Música Moderna

“Ei, Philip Bach?? Que seca!” Por favor, dêem-me só 5 minutos, é apenas uma pequena homenagem ao grande impulsionador da música moderna, que morreu sem o saber.
A música, ao que tudo indica, começou quando dois homens das cavernas, chateados um com o outro, decidiram resolver os seus problemas com diplomacia neandertal. No meio das bofetadas, xutos e pontapés, talvez por acidente ou intervenção divina começaram a seguir um padrão ritmado de pancada. As suas cabeças ocas amplificaram um eco ritmado de Toc! Pac, Poc, nas paredes de uma determinada caverna! Este ecoar, contagiou os neandertais à sua volta, que pararam olharam e agitaram a anca peluda ao som da primeira batida da história.
Assim terá sido inventado o ritmo.
Durante os seguintes milhares de anos, a música evolui devagar, arrastando-se ao lado do tempo que passa, até que em 1685 deixou de andar: começou a correr!
Nasce Johann Sebastian Bach.
A família inteira estava ligada à música, mas torna-se órfão muito cedo. Com uma disciplina religiosa é criado entre organistas e mestres de coro que o levam a destacar-se musicalmente, colecionando cargos importantes no universo musical alemão da altura. Aos 20 anos já era um organista de renome e aos 38, assenta em Leipzig para o cargo de Kantor da igreja de São Tomás. Bach foi um criador incansável, compondo sem descanso: cantatas, paixões, fugas, corais e obras didáticas que ainda hoje servem de alicerce à formação musical. Só parava, de facto, para fazer filhos: teve vinte. Trabalhou com a mesma diligência até à sua morte em 1750, sem fazer ideia que era o maior compositor da história. E consigo morreu, por algum tempo, a sua obra: caiu no esquecimento provavelmente por estar muito à frente do seu tempo.
O século seguinte quis uma música mais leve, com melodias simples e menos densas. O contraponto barroco monumental de Bach era demasiado complexo para os novos ouvidos. Mas a genialidade reconhece a genialidade e está documentado que Mozart ao descobrir uma fuga de Bach ao acaso ficou tão abalado que passou dias a estudá-la obsessivamente. Ainda assim, não foi o suficiente para retirar o nosso herói do esquecimento, ficando o renascimento de Bach guardado para 1829, quando Felix Mendelssohn, com apenas 20 anos, decidiu apresentar em Berlim a Paixão segundo São Mateus de Bach. O evento deixou o público abalado e maravilhado, e nesse momento percebeu-se que Bach não se tratava apenas de um simples compositor barroco, mas sim da nascente do rio da música que corre até hoje.
Os grandes músicos são ladrões. Não se trata de um insulto, é mesmo parte da profissão. Igor Stravinsky, outro grande compositor pôs isto da seguinte forma: “Lesser artists borrow, great artists steal.” E o importante para o ladrão é roubar tanto que não se percebe o que ele roubou. Pois bem, Bach foi, e continua a ser, a maior vítima da cleptomania musical. Os compositores clássicos, românticos, pop, rock, jazz, funk, Beatles, Sting, procol Harum, Simon & Garfunkel, guitarristas de metal, DJs todos beberam do rio Bach, muitos deles descaradamente admitindo a sua grande admiração pelo Pai da música moderna.
A partir deste ponto, caro leitor, a crónica torna-se interativa. Terá de usar o Youtube para que de forma prática consiga lhe mostrar como Bach se infiltra na música que ouve todos os dias. Acompanhe-me.
1º – Escreva no Youtube: “Paul Simon on his writing Process for Bridge Over troubled Water”. Aos 6:25 minutos o incrível Paul Simon, de guitarra no colo, explica que parte da música vem diretamente de um coral de Bach: o “O Haupt voll Blut und Wunden”. Ouça as duas é incrível.
2º – “A Whiter Shade of Pale” dos Procol Harum. Ouça a introdução com atenção. Depois procure a “Air on the G string” de Bach. A melodia de Matthew Fisher é sublime e descaradamente “emprestada” do nosso génio barroco.
3º – No youtube escreva: “Paul McCartney Explains Blackbird”. O genial Beatle admite, sem rodeios, que a Blackbird nasce diretamente da “Bourrée in E minor” de Bach.
4º – “Lady Linda” dos Beach Boys. Ouça e depois compare com “Jesu, Joy of Man’s Desiring” de Bach. A influência é tão óbvia que quase se consegue imaginar Bach a surfar umas ondas na Califórnia.
Podia continuar, e enchia facilmente esta edição inteira do Diário dos Açores: Sting, Queen, Metallica, Lady Gaga, Coltrane, Van Halen, Deep Purple… tantos vassalos do Pai da música moderna. Termino com uma frase de Sting que resume tudo isto:
“Todos nós nos sentamos aos pés de J.S. Bach.”

Philip San-Bento Pontes

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