Edit Template

Senhores Passageiros Vamos Aterrar na Ilha do Futuro (II)

Nem a propósito do meu artigo de opinião da passada semana, ao dia de hoje é já conhecida, ou pelo menos, anunciada a conclusão do estudo de avaliação para o aumento da pista do aeroporto do Pico. Estudo esse, com um custo de mais de duzentos mil euros e um prazo de execução de 150 dias, que foi entregue, ou pelo menos, revelado com um atraso de mais de 8 meses. As declarações da secretária com a pasta dos transportes e mobilidade, onde afirma que “existem obstáculos significativos à ampliação da pista”, deveriam ter caído como uma bomba na ilha montanha. Mas para já poucos são os que se manifestaram, à excepção do Grupo do Aeroporto da ilha do Pico e alguns empresários locais a título individual.
Não posso deixar de notar, que no governo da “transparência”, até agora o estudo que sustentaria esta decisão não foi tornado público. Isso levanta uma questão crucial: o que realmente impede o avanço deste projeto? Será que estamos a enfrentar problemas técnicos intransponíveis, ou estaremos perante um cenário onde a falta de vontade política e os interesses de alguns ditam o rumo?
Ao longo das últimas eleições regionais, tanto os candidatos do PSD quanto do PS têm criado repetidamente a expetativa da realização de diversas obras, e a obra de ampliação da pista do aeroporto do Pico era uma delas. Promessas foram feitas com grande entusiasmo, fazendo os picarotos acreditarem que a ampliação desta infraestrutura era iminente. No entanto, agora veem-se novamente frustrados com o anúncio de mais um estudo, adiando, mais uma vez, a tão esperada obra. Talvez não fosse má ideia que, antes de prometerem, os políticos aguardassem os resultados dos estudos e só depois se pronunciassem, evitando assim alimentar esperanças que não se concretizam e respeitando a confiança dos eleitores. Basta olhar para os títulos dos jornais onde pululam as notas de imprensa, saídas dos gabinetes das dezenas e dezenas de técnicos especialistas, para entender que este é também o governo das boas intenções – “ quer lançar…”, “quer fazer…”. Gostariamos de ler nos jornais algo como “ já está a fazer” ou até mesmo “está a concluir”. O confronto entre as intenções e o que é efetivamente executado fica muito aquém, com o último plano de investimento ficando abaixo dos 7%.
O tema que eu queria trazer hoje, neste artigo de opinião, é o que diz respeito à Saúde do Pico. E como vai a Saúde do Pico? Não sendo médica, diria que a olho nu vai mal. Para que um lugar de futuro seja realmente possível, é indispensável garantir uma saúde robusta, universal e que traga segurança para a sua população – algo que, lamentavelmente, a Unidade de Saúde da Ilha do Pico (USIP) não tem conseguido proporcionar. Atualmente, a ilha conta com três infraestruturas debilitadas e carênciadas, tanto ao nível de equipamentos como de recursos humanos, forçando a população a ir todos os dias ao Faial, até para receber o resultado de análises. Fixar médicos na ilha tornou-se uma miragem. No início de janeiro, aquando das eleições regionais, renovaram-se promessas da construção de um novo centro de saúde nas Lajes, onde o processo de aquisição do terreno, anunciado aquando da celebração do dia da Região em 2023 nas Lajes do Pico, já vai atrasado.. A renovação do centro de saúde de São Roque também está no rol de promessas, e o aumento do centro de saúde da Madalena, que em tempos idos prometia poder-se nascer no Pico, e ainda não permite sequer a realização de ecografias, forçando as grávidas a deslocarem-se de barco diariamente ao Hospital da Horta.
Ao atual governo, nada disto parece preocupar, pois, a Unidade de Saúde da ilha do Pico encontra-se à deriva. Em vez de se nomear um conselho de administração com formação e competência, assistimos a braços de ferro e egos políticos. A lista para a presidência do Conselho de Administração parece ser pequena em contraste com a enorme lista de espera “fantasma” das poucas especialidades que a USIP oferece. Pena que essa lista não traga aos picarotos, um gestor ou engenheiro com formação na área da saúde, como bem pede o cargo e o seu futuro. Mais um futuro adiado.

Daniela Silveira *

  • Gestora de projetos e agente cultural
Edit Template
Notícias Recentes
Azores Airlines acaba com rotas deficitárias e vai concentrar operação no ‘hub’ Açores
Açores registam queda na transacção de imóveis no terceiro trimestre de 2024
Há dezenas de navios com tesouros naufragados no mar dos Açores
Há mais de meia centena de casas de luxo à venda em S. Miguel entre 1 e 3 milhões de euros
Grupo de Cantares Tradicionais de Santa Cruz celebra 28º aniversário com cantata de Natal
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores