A Ermida da Nossa Senhora da Paz , em Vila Franca do Campo, acolheu, domingo, a última grande celebração antes da sua elevação a Santuário Diocesano, agendada para o próximo dia 1 de Janeiro.
Na missa da festa, concelebrada por todos os sacerdotes da ouvidoria, o bispo de Angra deixou o apelo a que este fosse um Santuário que expressasse a verdadeira harmonia entre “Deus e a sua criação”.
“Aqui neste belo lugar, as modelações da natureza tornam mais fácil a oração. A atenção à criação deve suscitar a consciência ambiental de modo a proteger este lugar. Também aqui neste cenário maravilhoso, com horizontes largos e imaginativos a abrir o coração, convida-se ao silêncio e à oração” começou por afirmar D. Armando Esteves Domingues salientando a necessidade de uma atenção grande dos cristãos à proteção do ambiente, numa época muito marcada pelo drama ambiental.
“O meu primeiro voto é que neste futuro Santuário e nos melhoramentos que venham a ser feitos, a natureza e a arte dêem passos juntos. Que aqui nasça um Santuário respeitador do ambiente, sustentável do ponto de vista ambiental de modo a que seja visível essa preocupação de harmonia entre Deus e o homem com respeito pela natureza”, disse o bispo de Angra.
“Que cada peregrino, crente ou não crente, quando aqui chegue, possa testemunhar essa harmonia e consiga obter a paz no seu coração” salientou ainda deixando um segundo voto para depois da elevação deste lugar.
“Oxalá este gesto que faremos dia 1 de Janeiro de 2025 seja profético e que daqui possamos pedir sempre o fim de todas as guerras para todos os povos da terra”, exortou desafiando à construção de “lugar de espiritualidade, de oração e de conversão”, onde o “perdão seja uma das marcas mais visíveis da construção da paz”.
“Que este lugar seja mais um lugar de peregrinação do que de turistas, onde cada um possa obter a paz e possa pedir a paz para o mundo, uma paz que seja fermento para a nossa vida”, concluiu o prelado diocesano que no dia 1 de Janeiro regressará a este lugar, na antiga capital da ilha para a celebração que marcará a criação do primeiro santuário mariano na ilha.
“Este é o monte Tabor da espiritualidade mariana em São Miguel” referiu, por sua vez, o padre José Alfredo Borges que será o futuro reitor deste Santuário.
“Vivemos um dia singular, de festa, que mostra que a fé move montanhas de dificuldades e de faltas de paz, de esperança e de amor” disse, reforçando a ideia de que este é um lugar onde se reza pelos doentes, pelos encarcerados e por todos os esquecidos da vida”.
Na celebração, como sempre, estiveram muitos vilafranquenses, com especial destaque para os romeiros que animam habitualmente a festa na parte da tarde do domingo, com a recitação do Rosário. Este ano, na Missa, esteve presente o rancho de romeiras da Fajã de Cima.
Este lugar, que é visitado por muitos turistas e peregrinos, foi um dos centros de peregrinação no ano do Jubileu de 2000, de devoção mariana nas romarias, de indulgências no ano Paulino e de tradição da religiosidade popular.
A Ermida de Nossa Senhora da Paz foi construída em 1764, mas remonta a um templo mais primitivo, erguido possivelmente no século XVI, no local onde um pastor terá encontrado uma imagem da Virgem numa gruta. O atual templo, erguido sobre o anterior, data do século XVIII e tem a particularidade do acesso ser feito por uma escadaria de 100 degraus, cujos patamares representam os mistérios “gososos e dolorosos”, correspondendo no seu conjunto a dois terços do rosário.
O templo encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Governo Regional dos Açores desde 1991.
A decisão de elevação a santuário foi tomada por unanimidade pelo Conselho Presbiteral, no passado mês de Abril, depois de vários apelos feitos ao longo de mais de vinte anos, conclui o site Igreja Açores, de cuja autoria são também as fotos.