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O “Chega” nas bancas da ignorância

“A Imprensa Açoreana, muita dela centenária, é um marco que demonstra a força intelectual dos Açores. Dar publicidade institucional a esta área ou alguns subsídios, é contribuir para uma Democracia pujante, imparcial e tolerante, que o Chega desconhece e abomina.”

Na opinião do partido Chega, os governos não devem subsidiar os órgãos de comunicação social.
Para estes senhores e senhoras, a comunicação social é um mal-estar. Santa ignorância.
Por todo o mundo democrático, estes subsídios são um dever dos governos em manter de pé um dos pilares democráticos. Mesmo aqueles que aqui e ali criticam e debatem as discordâncias de variadas políticas.
Só que, este subsídio que agora aparece por parte do governo dos Açores de cerca de dois milhões de euros para vários órgãos de comunicação social é, em muitos casos, uma participação democrática para os que mais precisam. E nem sequer é muito, levando em consideração as amarguras de publicar notícias nos dias de hoje.
Por isso impressiona a ignorância de José Pacheco, na liderança populista e na ânsia de agradar a gregos e a troianos, argumentar com a veemência dos incompetentes, a ‘terra pobre’ que somos e desbaratar dinheiro nos OCS a torto e a direito.
Bem sabemos que o ideal para partidos como o Chega era não existir nenhuma comunicação social e eles estarem livres apenas com os seus próprios jornais, editados, escritos e publicados só por eles. Salazar era da mesma opinião. E o ‘Pravda’, em Moscovo, era também o órgão do partido comunista e única voz aceitável pelo regime único.
Quem não se dá bem com a Democracia, não deve viver dela. Mas quem paga os deputados são o povo da mesma ‘terra pobre’ citada por José Pacheco.
Muitos dos órgãos de comunicação são de índole privada e isso incomoda o Chega. Mas essas empresas sustentam a custo centenas de profissionais. Se os subsídios são injetados com rigor, destinam-se a salvar ou a dar mais algum folgo a muitas famílias nos Açores.
Este Arquipélago honra-se pelo profuso número de jornais, feitos muitas vezes com grande esforço.
Nem o Chega nem o senhor José Pacheco sabem que o jornal Açoriano Oriental é o jornal mais antigo de Portugal e está entre os dez mais antigos do Mundo. E que se não fosse os grandes sacrifícios pessoais de Ferreira de Almeida: «De 23 de Novembro de 1929 a 10 de Março de 1962, foi proprietário e diretor Manuel Ferreira de Almeida, com Dinis José da Silva como redator-chefe. Foram porfiadas as diligências de Ferreira de Almeida para garantir a regular publicação do decano da imprensa portuguesa.
Foi no tempo de Ferreira de Almeida, em Dezembro de 1941, que o Açoriano Oriental foi «homenageado com Placa de Honra pelo Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo». (M.J. Andrade, 1996).
A Biblioteca Açoriana, em 1888, já assinalava que o Açoriano Oriental era «o mais antigo de todos os jornais portugueses». Apenas, na Europa, The Times (1785) consegue ter prioridade na sobrevivência; e, em todo o Brasil, o Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro.
Pergaminhos destes, pertencem à sociedade É todo um património insubstituível, porque regista a nossa vivência arquipelágica desde 18 de abril de 1835.
A ignorância é a origem da desordem.
A Imprensa Açoreana, muita dela centenária, é um marco que demonstra a força intelectual dos Açores. Dar publicidade institucional a esta área ou alguns subsídios, é contribuir para uma Democracia pujante, imparcial e tolerante, que o Chega desconhece a abomina.

José Soares*

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