Inês de Castro sem sorte
Dia hoje de sua morte
Vai lembrada mágoa e dor
Ficou D. Pedro I
D’Alcunha o Rei (Justiceiro)
Por justiça ao seu Amor
D. Pedro fez sem preguiça
Com coração destroçado
Só pensando na justiça
Não dormia descansado
Os três que mataram ela
Dois foram os apanhados
Rei fez troca com Castela
P’ra serem executados
Mesmo depois de matar
Quem o seu Amor matou
Alcunha veio-lhe a calhar
“Justiceiro” se chamou
O Rei D. Pedro I
Castigou com sua mão
Veio-lhe nome “Justiceiro”
Dando assim a razão
Se mortos sem compaixão
Mas feitas com muito jeito
Rei tirou o coração
Um por trás outro p’lo peito
Depois de Inês morrer
Sendo num trono sentada
Lá com toda a gente a ver
Foi ela assim coroada
Ninguém pôde dizer não
Mandou o Rei e senhor
Beijar descarnada mão
Da Rainha seu amor
Antes de Inês morrer
Diz D. Pedro ter casado
Túmulo mandou fazer
Começando seu Reinado
Túmulo bem trabalhado
Foi D. Pedro, e muita dor
Com Inês de Castro enterrado
Ao lado do seu Amor
Rei antecipadamente
Deixou mesmo bem gravado
Queria ficar juntamente
A D. Inês sepultado
Assim foi p’ra Alcobaça
Enterrado o” Justiceiro”
Com esta História com graça
Do Rei D. Pedro I
João Sardinha