O presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores saiu “tranquilo” da visita ao hospital modular, considerando que há “melhores respostas” de saúde do que antes do incêndio do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES)
“Saio daqui tranquilo, com uma garantia de que hoje, em muitas áreas e domínios, felizmente até temos melhores respostas do que tínhamos antes do incêndio no HDES de 04 de Maio”, afirmou Luís Garcia aos jornalistas, no final da sua visita ao Hospital Modular, onde quis ouvir os seus profissionais ‘in loco’.
O presidente do parlamento reconheceu que “existem ainda muitos domínios a melhorar” relacionados com a recuperação do HDES, mas existem “melhores respostas” para os “cuidados de saúde dos micaelenses, dos açorianos e daqueles que visitam” os Açores.
Afirmando que o que vai ser reconstruído no HDES “não é para o mês que vem, para esta legislatura”, mas para um “espaço temporal que se espera de décadas”, Luís Garcia defendeu ser importante que a solução “seja construída com base no diálogo, desde logo entre todos os profissionais de saúde e atores políticos”.
O responsável político considerou que o hospital modular permitirá fazer a recuperação de todo o HDES de forma parcelar, tendo recebido a garantia que “há todas as condições para prestar bons cuidados de saúde” e, “nalguns domínios, com tecnologias e equipamentos mais avançados e modernos”.
Questionado sobre se pretendeu com esta visita apelar à tranquilidade neste processo, Luís Garcia afirmou que sim e que “foi escolhida a data precisamente a pensar nisso”.
Luís Garcia, servindo-se dos contactos que manteve recentemente numa deslocação à ilha de São Miguel, referiu que falou “com muita gente e ninguém falou em problemas de saúde, mas de outra natureza”.
“Apesar das respostas precárias ou menos boas que tivemos ao longo deste período [após o incêndio no HDES], as pessoas compreenderam que se está a passar por um período difícil”, afirmou.
Luís Garcia aproveitou para lançar um repto no sentido de os partidos congregaram numa única comissão de inquérito os itens relativos ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).
O presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores questionou se “compreenderão os açorianos que se criem duas comissões de inquérito para esclarecer o mesmo assunto”.
O líder do parlamento questionou-se ainda sobre se “não é possível com diálogo, que a comissão [de inquérito] que já está criada e constituída” venha a integrar algumas das matérias que estão contempladas nos pressupostos da outra comissão parlamentar de inquérito, a constituir, dando-se assim “resposta a todas as questões”.
PS critica declarações
de Garcia
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista/Açores lamentou ontem “a falta de imparcialidade e tentativa de condicionamento dos trabalhos da comissão parlamentar, que agora se inicia, perante as recentes declarações do Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, proferidas durante a sua visita ao hospital modular de Ponta Delgada, esta Segunda-feira. Importa clarificar que não está em causa a realização da visita em si, mas sim o conteúdo das declarações prestadas no âmbito da mesma”.
Para o PS, “ao afirmar publicamente que “saiu tranquilo” da visita ao hospitalmodular e que, em alguns domínios, existem “melhores respostas” doque antes do incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), o Presidente da ALRAA assume uma posição que, no entender do GPPS/Açores, não se coaduna com a imparcialidade exigida ao titular do cargo que ocupa. Cabe ao Governo Regional prestar contas sobre as condições do hospital modular e a sua capacidade de resposta e não ao Presidente do Parlamento assumir esse papel”.
“Se o Presidente da ALRAA tivesse feito apenas um apelo ao diálogo entre os partidos, mantendo-se neutro quanto às condições do hospital modular e à pertinência de uma ou duas comissões de inquérito, a sua intervenção poderia ser vista como institucionalmente equilibrada. No entanto, a comissão de inquérito já foi constituída e, ainda assim, o Presidente da ALRAA desloca-se ao local e faz estas declarações, condicionando a perceção pública sobre o tema e interferindo na for a como a questão será debatida no futuro. Ao afirmar que há “melhores respostas” na saúde do que antes do incêndio e ao sugerir a unificação das comissões, pode estar a interferir no processo político”, acusa ainda o PS.
O GPPS/Açores entende que “a fiscalização política não pode estar sujeita a pressões externas, muito menos a sugestões que possam limitar o apuramento de todas as responsabilidades envolvidas neste processo”, conclui o PS.