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Dois meses a lavar roupa suja

E lá vão os portugueses às urnas, mais uma vez, em Maio.
Desta vez serão dois curtos meses em que não teremos propostas muito diferentes para o país do que tivemos há menos de um ano, mas sim um caminho penoso de lavagem de roupa suja sobre quem é mais sério na política nacional.
Em Portugal já não se discute política, discute-se a vida de cada um dos líderes, da família, dos podres de cada partido (porque todos têm telhados de vidro), de quem anda mais de Falcon, de quem tem mais influência lobista, de quem tem mais amigos e familiares para favorecer, de quem tem mais dinheiro escondido nos gabinetes e por aí fora.
O que todo este episódio na política nacional nos ensina é que a actual classe política não aprende nada, é cada vez mais medíocre e está recheada de gente que adora a cultura do desleixo.
Protagonistas actuais e de outrora, como Luís Montenegro, Miguel Albuquerque, António Costa, João Galamba ou Pedro Nuno Santos, são o rosto desta cultura de desleixo que invadiu a classe política portuguesa.
Estes últimos foram corridos da governação, os primeiros estão em vias de o ser.
Têm todos um padrão comum, por razões diferentes: puseram-se a jeito!
A nova geração de políticos vive no facilitismo, porque foi criada assim, sem muito trabalho, sem experiência da vida e, depois, facilitam em tudo, sem conseguirem ter a noção de que, deste lado, há outra realidade que o povo vive.
Já ninguém pensa, não planeia, não assume seriedade nas decisões e, no final, assistimos a uma catadupa de acções desleixadas, porque o povo há muito se conformou com este estado de desleixo nacional.
Também por cá, na vida política regional, temos disto.
A nova presidente do Tribunal de Contas, ainda há poucos dias, tocava exactamente neste ponto, quando descreveu Portugal como “uma cultura não de corrupção, mas de desleixo e de falta de planeamento”.
Meter uma cunha ou usar tráfico de influências tornou-se, novamente, numa instituição nacional, que grassa por todos os corredores do poder, porque nada funciona com eficácia e seriedade na esfera da administração pública, consequência do desleixo que se alastra na maioria da classe dirigente, quase sempre impreparada e escolhida apenas pelo serviço que prestam ao aparelho do partido e ao líder.
O corolário de toda esta podridão é o que estamos a assistir: forças políticas a tentarem conquistar o poder a todo o custo, sem um mínimo de esforço para um consenso nacional entre os principais partidos, como é exemplo a civilizada Alemanha.
Muita roupa vai ser lavada até Maio, com nódoas que não vão largar.
E os cidadãos? O povo real? Os seus problemas do dia a dia?
Ficarão pendurados no fio da roupa a aguardar dias menos sombrios.
Boa campanha, com sabão macaco…

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Haver uma plataforma electrónica que permitirá devolver o dinheiro a mais sem nos deslocarmos ao calvário dos CTT, não é uma boa notícia?
Poder ser reembolsado antes de fazer a viagem, não é uma boa notícia?
O líder do PS-Açores, Francisco César, acha que não.
E até sentencia que a portaria do novo subsídio de mobilidade não devia existir (!).
É verdade que o tecto de 600 euros é uma burrice do ministro, mas o resto só nos beneficia.
Aqui está um exemplo de como os políticos, longe da realidade dos cidadãos, não conseguem compreender a nossa vida do dia-a-dia.
Espera-se que Francisco César não faça parte da lista dos candidatos a deputados à próxima Assembleia da República, para ficar com mais tempo para contactar com a realidade dos cidadãos açorianos.

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A EUFORIA DA BTL – Todos os anos há uma romaria açoriana à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que hoje recomeça.
Meia sociedade do sector sai de cá para aquela euforia de jantaradas, encontros, reuniões e muita folia.
O governo vai na frente, mas os autarcas de todas as ilhas ultrapassam tudo e todos, em excursões grandiosas, com comitivas de louvar a Deus.
Era bom que se focassem mais nos sinais de alerta que começam a surgir, sobretudo no mercado nacional.
Os números da entrada de passageiros na região registaram uma quebra em Fevereiro ( no ano passado foi em Janeiro).
Felizmente não são os estrangeiros, que mantêm bons números; é o mercado nacional, que é o nosso melhor mercado todo o ano, o que significa que é preciso trabalhar melhor este mercado na época baixa (e não digam que a Ryanair não faz falta).
Oxalá que sejam apenas sinais conjunturais, mas era conveniente que, na BTL, em vez de se preocuparem com quem mais leva o Presidente Marcelo aos seus stands, mergulhassem o foco no mercado continental e oferecessem, para além das provas de queijo e vinho, melhores atractivos e melhor acessibilidade para nos visitarem.
Divirtam-se!

Osvaldo Cabral
[email protected]

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