Edit Template

Uma monstruosa cumplicidade. Humanóide, quase diria…

Só num dia, no passado domingo, dia 20 de julho, 93 palestinianos famintos e com famílias famintas foram massacrados e mais 100 feridos pelo exército israelita quando se esforçavam por obter ajuda alimentar (farinha), fosse nos camiões da ONU ou nos postos fixos das armadilhas de matança (chamadas de ajudas humanitárias) criadas por Trump e Netanyahu no território palestiniano de Gaza, invadido e militarmente ocupado por Israel.
“Pego num ferido para tentar salvá-lo, ou num saco de farinha para salvar a minha família?”…”Eles estão a lutar contra nós e não contra a Resistência!”, palavras de um palestiniano que conseguiu escapar vivo à sanha israelita assassina de domingo.
Cerca de 90 mil mulheres e crianças necessitam de tratamento urgente para a subnutrição em Gaza, enquanto uma em cada três pessoas não come há dias, segundo o PAM (Programa Alimentar Mundial, da ONU, 12 de julho).
Enquanto isso, o governo português do PSD/CDS, e o seu ministro dos negócios estrangeiros (Paulo Rangel), depois de terem recusado na Assembleia da República, juntamente com o IL, o Chega e a abstenção do PS, o reconhecimento do Estado da Palestina, impediram que o comunicado final do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (Consan-CPLP), reunido na Guiné-Bissau na sexta-feira passada, fizesse qualquer referência específica à insegurança alimentar dos palestinianos da Faixa da Gaza.
Já compreendeu caro leitor porque é que Portugal é cúmplice do genocídio dos palestinianos na sua própria terra? Porque a direita, a extrema-direita e a social-democracia, agindo quase como humanóides, da mesma forma que o fazem nas instituições europeias Von der Leyen, António Costa, Kaja Kallas e Roberta Metsola, se coligaram para fechar os olhos à monstruosa barbárie humana que está a ser perpetrada pelos EUA/Israel na Palestina!
Como dizia a muito corajosa e já quase proscrita jornalista e escritora Alexandra Lucas Coelho: “António Costa, Luis Montenegro, Paulo Rangel, Marcelo Rebelo de Sousa sabem perfeitamente o que há a saber sobre o genocídio em curso. Não agirem é uma escolha, o que faz deles cúmplices”. Pela minha parte juntava ainda a Iniciativa Liberal e o Ventura, e no Parlamento Açoriano incluiria a coligação PSD/CDS/PPM e o Chega que se pronunciaram abertamente contra o reconhecimento do Estado da Palestina.
Provavelmente a vergonha do século, esta monstruosa coligação de cúmplices, de seres humanos por ela armados até aos dentes, chamando-lhe “guerra”, contra seres humanos desarmados, indefesos, famintos, sem habitação, constantemente forçados a deslocarem-se sem destino seguro dentro da sua própria terra ocupada e destruída, feridos ou assassinados pelas balas e bombas do exército terrorista de Israel, 60 000 em 22 meses, a um hediondo ritmo de 28 crianças por dia, “uma sala de aula”, como denuncia a UNICEF, é a mesma coligação que hipocritamente afirma que tudo isto é culpa do Hamas que começou a “guerra” (Marcelo R. de Sousa, dixit) em 7 de outubro de 2023…
Uma coligação que, por trás da sua imensa hipocrisia, ignora o terror paralelo dos colonos israelitas sobre os palestinianos na Cisjordânia, onde o Hamas nem tem muita implantação, e que sabe bem, fazendo tudo por escondê-lo, que desde 1948 centenas de milhares de palestinianos foram expulsos dos seus lares pelos ingleses ocupantes para a fundação do Estado de Israel. Sabe bem que foi desde essa altura que começou o conflito, e não em 7 de outubro de 2023; sabe bem que o primeiro grande massacre israelita em campos de refugiados palestinianos (3 500 mortos) foi em 1982, chamando-lhes população “excedentária”, e que este conflito, com o seu lastro monstruoso de palestinianos mortos, tem sido contínuo desde aí, colonialista, opressor, militarmente desigual, desumano, criminoso, e sucessivamente condenado pela ONU até hoje.

Mário Abrantes

Edit Template
Notícias Recentes
Município de Vila do Porto recebe imóvel da paróquia de Santo Espírito para criar espaço de homenagema D. António de Sousa Braga
PSD acusa Iniciativa Liberal de mentir sobre cultura em Ponta Delgada
Alexandra Cunha pretende melhorar recolha de resíduos, rever regulamento de ocupação do espaço público e desburocratizar
Homenagem à UAc celebra laços académicos entre Portugal e Brasil
Federação Agrícola dos Açores lamenta a fraca adesão aos cursos de Ciências Agrárias da UAc
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores