O peixe capturado nos Açores é o mais valioso do país, apesar de, no ano passado, se ter registado menos pesca na Região.
Com efeito, no ano passado, o aumento de peixe capturado foi uma realidade nas regiões Norte e Centro, na Área Metropolitana de Lisboa e também no Alentejo e no Algarve.
No entanto, o maior registo foi obtido nas lotas do Centro (41,6 mil toneladas), seguido pela região da capital (32,4 mil toneladas) e pelo Norte (18,9 mil toneladas), de acordo com dados provisórios da Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), que o jornal online ECO teve acesso.
Nas ilhas, o cenário é um pouco diferente.
Na Região Autónoma dos Açores, o peixe capturado durante o ano passado (9,4 mil toneladas) ficou aquém dos valores registados em 2022 (10,1 mil toneladas) e em 2021 (11,8 mil toneladas).
Já na Região Autónoma da Madeira, no ano passado foram capturadas 4,9 mil toneladas de peixe.
Um valor superior a 2022 (3,9 mil toneladas), mas abaixo dos números de 2021 (5 mil toneladas).
De acordo com dados do INE, em 2022 foram capturadas pela frota portuguesa 165.801 toneladas de pescado, o que relativamente a 2021 representou um decréscimo de 10,6% na produção da pesca nacional.
Pedro Jorge, Presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais (ADAPI) explica a diferença dos números pelo facto de a Docapesca registar apenas o peixe fresco descarregado nas lotas em Portugal.
O responsável lembra ao ECO/Local Online que “há muito peixe fresco capturado por portugueses em lotas fora de Portugal”.
Há um conjunto de 15 navios portugueses a pescar e descarregar nas lotas espanholas”, exemplifica ainda o líder da ADAPI. Por outro lado, ao longo do ano passado, o preço médio por quilo diminuiu 8,5%, para 2,27 euros (vs. 2,48 euros registados em 2022).
Foi a região do Algarve que registou a maior descida do preço médio (18 cêntimos), seguida pela Área Metropolitana de Lisboa, onde caiu 17 cêntimos, e do Centro, que viu o valor médio ser desvalorizado em 15 cêntimos.
No Alentejo a queda foi menos expressiva (-13 cêntimos).
A região Norte foi mesmo a única em que o preço médio do peixe subiu em 2023, três cêntimos acima do ano anterior.
Na Região Autónoma da Madeira e dos Açores, o peixe é mais valioso.
O ano passado, o preço médio por quilo nos Açores foi de 4,18 euros, enquanto na Madeira foi de 4,04 euros.
O preço médio foi superior ao de 2022 em ambas as regiões.
Pedro Jorge, presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais, explica que o preço médio do peixe nas ilhas é superior porque as espécies capturadas são “mais valiosas”.
“O peixe-espada preto é um peixe que se pesca muito nas ilhas e tem um valor muito elevado no mercado, enquanto há espécies que se pescam no continente em grandes quantidades, como por exemplo o carapau, mas que tem uma valor muito inferior”, diz Pedro Jorge, acrescentado ainda que nos “Açores é pescado peixe com muita qualidade”.
Uma opinião partilhada pela Docapesca, que sublinha ao ECO/Local Online que nas “ilhas são pescadas espécies com maior valor comercial. Enquanto no continente, apesar de a variedade ser maior, a existência de maiores quantidades de cavala, carapau ou sardinha acabam por “puxar o preço médio mais para baixo”.
No território continental, de Janeiro a Dezembro do ano passado, o peixe mais capturado foi a cavala, seguido da sardinha e carapau.
Nos Açores, a categoria mais capturada foi a dos esparídeos diversos e das lulas, enquanto na Madeira foram os espargos e o peixe-espada preto.