Edit Template

63% dos reclusos na cadeia de Ponta Delgada tem historial de consumo de drogas sintéticas

O CESA aprovou, por unanimidade, um parecer sobre drogas sintéticas da Comissão Especializada Permanente dos Sectores Sociais, onde se refere que “o perfil dos consumidores em geral, na opinião dos peritos presentes, está associado a uma posição social muito baixa, uma grande maioria de homens com baixa ou muito baixa escolaridade, com um historial de trabalho na construção civil em tarefas muito desqualificadas e precárias”.

“A grande maioria tem problemas de doença mental, quer anteriores ao consumo, quer tendo surgido concomitantemente com o consumo, quer ainda causados pelo consumo. Alguns pertencem a famílias aonde o consumo é recorrente em diferentes gerações”, sustenta-se no documento.

No parecer é apontado que, “no caso da Associação Arrisca, que reúne sensivelmente metade dos consumidores em tratamento nos Açores, o perfil dominante é o seguinte: maioritariamente homens; 89% têm 18 a 54 anos; 63% tem menos do 2º ciclo; 47% está em situação de exclusão social grave, ou seja, sem qualquer enquadramento familiar e sem rede de suporte, exceto os técnicos; 56% estão desempregados e 73% viviam sozinhos no momento da recolha dos dados”.Segundo se pode ler no documento, no Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, 63% dos detidos têm historial de consumo de drogas sintéticas, segundo declaração dos próprios, e 56% do total dos reclusos nessa situação cometeram crimes contra pessoas, sobretudo de violência doméstica, incluindo de filhos para pais e de pais para filhos, bem como casos de furto e de roubo.

Será de realçar que a taxa de reincidência prisional actual ronda os 71% na população em apreço.

Concentração em Ponta Delgada

Ainda no que respeita ao perfil dos consumidores, agora visto a partir do consumo, é possível verificar alguma diferença nas substâncias sintéticas consumidas, sobretudo, em três ilhas. Em São Miguel, destacam-se as catinonas sintéticas, às quais os consumidores são fiéis, Dentro das substâncias integradas neste grupo, desde 2019 que a mais prevalente é o alphaPHP. Contudo, em 2023, observou-se a emergência do alpha-PHiP, (isómero do alfa-PHP), num claro efeito de substituição da substância mais antiga, pela mais recente. Ou seja, as drogas sintéticas, tal como têm vindo a ser definidas são um problema sobretudo desta ilha e estima-se que são drogas mais consumidas do que a heroína e a cocaína.

A Direcção Regional de Prevenção e Combate às Dependências está, também, preocupada com o início de consumo de fentanil na ilha de São Miguel.

Os canabinoides sintéticos entraram em força este ano, com um nível tóxico muito acima da canábis, com um enfoque muito particular no Faial. Na Terceira o foco das preocupações são as metanfetaminas, mais especificamente o ‘crystal meth’, produzidas localmente a partir de comprimidos vendidos em farmácia sem receita médica. A pressão sobre os médicos para a sobre-prescrição de Subutex; Suboxone e Dormicum foi identificada como um problema especificamente regional.

O parecer constata que os indivíduos tendem a concentrar-se na cidade de Ponta Delgada, quer por ser na ilha de S. Miguel que existe um maior número de casos, quer por ser nesta cidade que se concentram a maior parte dos serviços de apoio a este tipo de casos.

Não obstante as instituições que estão no terreno, cientes do efeito multiplicador de problemas resultante da concentração dos consumidores, prestam já alguns serviços descentralizados nos diversos concelhos da ilha.

Aliás, enquadrados em protocolos de financiamento com a Administração Regional.Em próximas edições daremos mais pormenores deste parecer de vários peritos envolvidos.

Edit Template
Notícias Recentes
Bensaúde compra Hotel Caloura
PIB dos Açores cresceu mais do que o nacional
Está já em vigor um passe para visitar as nove ilhas por avião e barco com subsídio do governo
Sónia Nicolau avança com lista de independentes à Câmara de Ponta Delgada
Tribunal de Contas alerta que é preciso reforçar meios de socorro em P. Delgada e R. Grande
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores