A quota do atum-patudo poderá estar prestes a ser esgotada nos Açores, devido à excessiva captura da espécie na região, alertou ontem Jorge Gonçalves, da Cooperativa de Pesca Açoriana (CPA), que comercializa pequenos pelágicos e demersais.
“Acho que não faz sentido nós estarmos a apanhar quantidades de peixe como estamos a apanhar, que vamos deixar de poder pescar dentro de uma semana, duas semanas no máximo, […] estando o peixe em grandes abundâncias no mar dos Açores, para o ter vendido a um euro e tal [o quilo]”, lamentou o armador, em declarações aos jornalistas, na Horta, na ilha do Faial.
Jorge Gonçalves, que é também presidente da Federação de Pescas dos Açores, salientou ainda que, a este ritmo de capturas e de descargas em lota, os pescadores e armadores da pesca do atum poderão acabar por colocar em causa a sustentabilidade e a rentabilidade do sector.
“Eu não digo desbaratar, mas está-se a ter trabalho, está-se a retirar um recurso e não se está a tirar o dividendo que se pode tirar desse recurso, e isso é que nos deve fazer pensar muito, sobre o que é que estamos a fazer e o que é que pretendemos fazer no futuro”, advertiu o representante da CPA.
Jorge Gonçalves alertou que os limites máximos de captura agora impostos pela região podem não estar a ser respeitados por alguns armadores e mestres de embarcações, deixando um apelo às autoridades regionais.
“Apelamos aqui à Lotaçor e à Inspecção Regional [das Pescas], para que verifiquem, de facto, esses dados, através dos diários de pesca electrónicos, e que se houver necessidade de actuar, que actuem, para fazer cumprir a lei, para benefício de toda a gente e não só de alguns”, insistiu o armador. Segundo explicou, neste momento os barcos de pesca que se dedicam à captura de atum-patudo nos mares dos Açores estão a “inundar” o mercado com uma espécie que está a ser pouco valorizada e vendida a baixo preço, devido à sua abundância nos mares da região.