O interesse dos canadianos pelos Açores, demonstrado no estudo da Mastercard, não surpreende Carlos Botelho, que foi Delegado da SATA naquele país durante vários anos.
É reconhecido como sendo um dos principais impulsionadores da promoção açoriana no Canadá, enquanto se manteve à frente do escritório da SATA em Toronto, tendo falado ao nosso jornal sobre este interesse dos canadianos pela nossa Região.
“Este estudo da MasterCard em nada me surpreende, pois é o resultado de anos de trabalho de uma equipa da Azores Vacation Canadá (ex-Sata Express), onde estivemos presentes (algumas vezes com o pessoal da ATA ) em todos o maiores salões de Turismo, em Ontário, Quebec e até Vancouver”.
Conta Carlos Botelho que foi aí que adquiriu, com a sua equipa, “um conhecimento ímpar do que era o sentimento dos canadianos perante um destino diferente, que nada tinha a ver com as Caraíbas ( mesmo sendo ilhas)”.
“Ao fazerem as suas pesquisas encontram uma ilhas lindas, seguras e com condições excepcionais para passar umas férias; daí que este resultado do estudo em nada me admira”.
Carlos Botelho, agora em S. Miguel, é de opinião que se deve continuar a apostar no mercado canadiano.
“Finalizei o meu curso de Turismo em Toronto ( 1986) e em nada mudei na minha convicção de que o Canadá é um excelente mercado para os Açores”, reforça, acrescentando que “fui defensor (sozinho e contra tudo e todos) que a empresa, que eu administrava devia ser o Tour Operador de referência para o mercado canadiano, mas especializado exclusivamente nos Açores”.
Diz, com mágoa, que “outras vozes ignorantes não só não acreditaram como me solicitaram o fecho da mesma e entregar o mercado canadiano a outros”.
“Se tivessem acreditado, como eu ainda acredito, os Açores ficariam a ganhar ainda mais, pois ao efetuar pacotes turísticos (all inclusive e não só), todo o tecido empresarial ganhava”.
E esclarece: “Foi-me dito que a SATA não tinha vocação para este negócio e era só para venda de bilhetes! Ora, eu, com ignorantes, ignoro e sigo em frente, mas um ovo de ouro foi perdido”.
E interroga: “Com muitos canadianos a encherem os aviões da Azores Airlines eu pergunto: Será que vêm como turistas para os Açores ou só como passageiros de passagem para outros destinos na Europa? Se é este o caso, que riqueza traz aos Açores? Eu defendia sempre a minha proposta de negócio, pois os canadianos assim me transmitiam o seu desejo de cá virem, mas como tudo pago, é o que fazem quando vão para as Caraíbas e outros destinos”.
Profundo conhecedor do mercado canadiano, questionamos Carlos Botelho sobre onde é que temos de melhorar mais, em todas as actividades, para agradar ao perfil do turista canadiano.
A sua resposta: “Diria, em primeiro lugar, numa maior e consecutiva promoção no Canadá, sendo a mesma, de certo modo, fácil, pois o mercado está em Ontário e Quebec, locais onde um promotor(es) pode ir de carro com todo o material promocional (como eu fazia com a minha equipa); depois, estar visível em todos os media e canais informativos, pois quem não aparece é esquecido e julgo que voltamos a estar esquecidos; depois, ainda, contactar as grandes empresas com ações de divulgação do destino, levando o nome Açores a todas as províncias do Canadá , um trabalho que feito em conjunto com a ATA, agora Visit Azores, e seria sucesso garantido no futuro”.
Por fim, conclui Carlos Botelho, “para os Açores, eu diria que deviam todos (agentes de turismo) ter formação em saber receber, saber o que é “Customer Service”, pois só ganhavam e deixavam de explorar, o que origina a não mais voltarem”.