Cada vez percebo menos no caso do violento incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, ocorrido em Maio deste ano, felizmente sem vítimas, mas com avultados danos.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, Nuno Barbosa, à semelhança do que já aconteceu com outras personalidades, foi ouvido na Comissão Parlamentar de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa Regional dos Açores sobre aquele incêndio.
Segundo notícia do Diário dos Açores, o comandante Nuno Barbosa, operacional competente e prestigiado, disse o seguinte, entre outras afirmações e considerações: “além de terem de combater um fogo que deflagrou num posto de transformação do hospital, os bombeiros também foram surpreendidos por uma fuga de gasóleo (que alimentava o posto), o que dificultou o trabalho de extinção das chamas”.
Sou um leigo na matéria, não possuo obviamente formação técnica neste domínio, mas fiquei surpreendido que um posto de transformação eléctrica funcionasse a ou com gasóleo. Depois houve uma fuga desse combustível, segundo o comandante, o que potenciou muito o fogo, como é óbvio.
Penso que juntar um posto de transformação eléctrica e gasóleo é o mesmo que criar uma “bomba” pronta para fogo. Sempre pensei que um posto de transformação funcionasse com electricidade, até porque a sua função é precisamente transformar electricidade de tensão mais elevada para outra mais baixa. E já agora: existem mais postos transformadores alimentados a gasóleo no HDES?
O comandante Nuno Barbosa não tem qualquer responsabilidade nessa situação, que considero insólita. Estranhei que nenhum deputado questionasse o comandante se é normal juntar electricidade e gasóleo, que não deu bom resultado, como se viu. A referida notícia não dá conta de qualquer questão colocada por algum deputado sobre este assunto.
Na sequência de um texto que publiquei na rede social Facebook dando conta da minha perplexidade quanto à matéria exposta, Carlos A. César, conhecido articulista-escritor e antigo funcionário da empresa Electricidade dos Açores, escreveu o seguinte: “Caro amigo, não estou a perceber a afirmação do comandante: “além de terem de combater um fogo que deflagrou num posto de transformação do hospital, os bombeiros também foram surpreendidos por uma fuga de gasóleo (que alimentava o posto), o que dificultou o trabalho de extinção das chamas”. Ora, nenhum posto de transformação é abastecido por gasóleo, normalmente está ligado à rede pública, em caso desta falhar está ligado a um gerador que é movido por um motor, este sim, é que é abastecido por gasóleo, normalmente, e por razões de segurança, estão em salas separadas, não percebo este derrame de gasóleo no posto de transformação, só pode ser proveniente da sala onde está o motor/gerador. Ou será que o posto de transformação estava a servir de arrecadação? A ser assim, está contra todos os regulamentos vigentes! Merecem estas dúvidas esclarecimento em nome da transparência!”.
Não existe aqui uma suspeição, mas sim um facto que tudo indica grave, referido pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, que é uma respeitada autoridade no combate a fogos e na prestação de socorro. Portanto, muito há ainda a esclarecer, investigar e apurar sobre o incêndio ocorrido no HDES, com o objetivo principal de que não se repitam procedimentos alegadamente anómalos, quer naquela quer em qualquer outra unidade hospitalar nos Açores.
Tomás Quental Mota Vieira