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BE quer poderes públicos a debaterem a Inteligência Artificial ao serviço da humanidade

“Os poderes públicos têm que tomar posição para assegurar que a inteligência artificial vai ter um impacto positivo para os trabalhadores, para que as pessoas possam trabalhar melhor e durante menos horas. A introdução da semana de 4 dias de trabalho é uma forma de fazer reverter também para os trabalhadores os benefícios dos ganhos de produtividade que o desenvolvimento tecnológico permite”, afirma o Bloco de Esquerda em nota enviada à comunicação social..
“Estas transformações profundas no mercado de trabalho” estiveram em debate em Santa Maria, nas Conferências Zuraida Soares, com os contributos de José Soeiro, sociólogo e deputado do Bloco na Assembleia da República, e Pedro Filipe Soares, matemático, que também foi deputado do Bloco na Assembleia da República.
Pedro Filipe Soares salienta que a Inteligência Artificial (IA) pode vir a ter um impacto positivo ou negativo no mundo do trabalho: “é uma disputa que está em curso” e por isso é importante que os poderes públicos se envolvam no debate, para garantir que a IA “servirá para que as pessoas possam trabalhar menos, trabalhar melhor e para termos um futuro melhor”.
Mostrando preocupação pela pouca participação dos poderes públicos neste debate que é “estruturante e estratégico”, Pedro Filipe Soares alerta que “se os poderes do costume usarem a IA para criar mais desigualdade, para destruir postos de trabalho, para criar desemprego, para nos retirar direitos”, então a IA “pode ser uma arma contra nós”.
“Por isso é importante que o debate seja feito em atempadamente, para exigir uma IA ao serviço da humanidade, ao serviço dos poderes públicos, que nos dê uma vida melhor”, acrescenta.
Partindo da análise do projeto piloto realizado em Portugal com 41 empresas privadas que implementaram a semana de trabalho de 4 dias, José Soeiro salientou que “houve ganhos de produtividade através da reorganização das empresas”.
“É preciso fazer um debate sobre redução do tempo de trabalho, porque em Portugal trabalha-se muitas horas. Há trinta anos que não diminuímos o período normal de trabalho, e há uma desigualdade entre a administração pública e o sector privado”, apontou o deputado do Bloco.
“Vivemos num paradoxo: hoje em dia é possível produzir muitos mais bens e serviços em menos tempo, mas esse aumento da produtividade, através da inovação tecnológica, não se traduziu em melhores salários, nem na redução do horário de trabalho”, assinalou José Soeiro, defendendo que é “reduzir o horário de trabalho é fazer reverter também para os trabalhadores os benefícios dos ganhos de produtividade”.
“É também uma luta civilizacional para ganharmos mais tempo para viver”, concluiu. Pedro Amaral, do Bloco de Esquerda em Santa Maria, destacou que as Conferências Zuraida Soares pretendem “promover o diálogo, o debate e a reflexão”, juntando “pessoas de diferentes quadrantes políticos para discutir ideias para além da chamada espuma dos dias”, assim como homenagear Zuraida Soares, uma “grande mulher açoriana, uma figura incontornável da política regional”.

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