O 48º congresso sobre Educação e Cultura, realizado pela Fundação Luso-Americana de Educação (LAEF), sob os auspícios, pelo quinto ano consecutivo, do Portuguese BeyondBordersInstitute (PBBI), na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, proporcionou, uma vez mais, um contexto de reflexão sobre a diáspora portuguesa e açoriana na Califórnia, em outras partes dos continentes norte e sul-americano e a ligação às diásporas lusófonas.
O congresso deste ano contou com 25 apresentadores e membros de painéis, através do sistema de seminários online da plataforma Zoom, Facebook Live (em mais de 40 grupos), e arquivada no canal do PBBI no YouTube, Fresno State-PBBI, e o arquivo de histórias orais da universidade na Biblioteca da Universidade Estadual da Califórnia em Fresno.
De acordo com os números de presenças disponíveis nos Webinários, Facebook Live, e nas métricas do YouTube, a conferência atingiu mais de 20 mil participantes.
Entre as várias conclusões, foi decidido utilizar as novas tecnologias para ligar Portugal à diáspora e a diáspora a Portugal (particularmente a Região Autónoma dos Açores) através de projetos interdisciplinares e inovadores, que envolvam a sociedade civil, aproximando as instituições sociais, culturais e educacionais, sem amarras e diretrizes governativas. Promover talentos comunitários nos eventos da nossa diáspora na Califórnia e no oeste americano, particularmente eventos com ligação ao mainstream americano, é outra das conclusões.
O encontro da Califórnia concluiu ainda “alertar as entidades governamentais na Região Autónoma dos Açores para a discriminação do Conselho da Diáspora Açoriana para com a Califórnia e o oeste americano. É impensável que a Califórnia, a maior comunidade de açor-descendentes nos EUA, tenha apenas um conselheiro, e que os conselheiros eleitos, em representação dos outros estados da união americana, não sejam com divisões geográficas, esquecendo, totalmente a realidade do Havaí e outros estados do oeste americano, com crescentes populações de açor-descendentes (Arizona, Idaho, Texas, entre outros).”
Foi ainda decidido “defender, mais uma vez, junto dos governos regionais e nacional, em Portugal Continental e nas Regiões Autónomas, a criação de novas áreas de apoio às organizações portuguesas no estrangeiro, com base em projetos concretos que considerem as possibilidades económicas de cada associação. As especificidades de cada organização e o seu âmbito dentro da diáspora na Califórnia, juntamente com a sua interação com a sociedade dominante, devem englobar a avaliação de cada proposta, retirando a excessiva burocracia que remove muitos projetos inovadores e os apadrinhamentos de algumas entidades”, e criar “uma nova era de atividade entre o movimento associativo da diáspora e a sociedade civil em Portugal e nas Regiões Autónomas. Nos Açores, a Associação dos Emigrantes Açorianos, poderá servir como entidade de lóbi junto dos poderes açorianos para uma nova defesa da diáspora e uma maior presença da diáspora açoriana no ensino regional e na sociedade em geral”.
Foi também decidido “iniciar, com a brevidade possível, antes que algumas tradições desapareçam, como o Carnaval da Terceira na Califórnia, a transição para a língua inglesa, a fim de salvaguardar os elementos culturais e identitários que desaparecerão com a inevitável americanização da nossa diáspora. Essa transição será também uma forma de se trazer as segundas e terceiras gerações de volta ao nosso movimento associativo e ao quotidiano da nossa diáspora” e “conhecer a realidade histórica de diásporas como a do Havaí para que aprendamos com o que resultou num estado onde a emigração estancou há 110 anos, e instituirmos projetos e iniciativas que tenham resultados diferentes”.
“Persistir num diálogo com pais e cidadãos interessados para se implementar mais cursos de língua e cultura portuguesas nas escolas secundárias públicas da Califórnia. Com apenas 14 das 4400 escolas secundárias da Califórnia a ensinar português, a língua morrerá na Califórnia se não implementarmos, urgentemente, o plano estratégico para o ensino da língua e das culturas portuguesas, publicado em 2018 e constantemente ignorado por Portugal”, foi outra das conclusões.
A coordenação deste congresso esteve a cargo de Diniz Borges.