A Inteligência Artificial (IA) invadiu a educação e, sejamos sinceros, o futuro parece uma mistura de “Os Jetsons” com “Black Mirror”. Já não é só a Netflix que está a ser controlada por algoritmos, agora os nossos cadernos ou melhor, os nossos computadores também o são. E os exames do 9.º ano em formato digital? Esqueçam o stress com a caligrafia, agora a ansiedade vai ser com o ecrã a bloquear no meio do exame.
Vamos por partes. A IA nas escolas promete personalizar o ensino de uma maneira que o melhor explicador apenas poderia sonhar. As plataformas digitais conseguem identificar as nossas fraquezas, reforçar os pontos mais fracos e oferecer explicações mais claras do que qualquer professor com cafeína a mais e paciência a menos. Agora entrar para medicina já é possível! Tudo muito bom, não fosse o pequeno pormenor de que as máquinas podem acabar por nos conhecer melhor do que nós próprios. No final, seremos alunos ou apenas números num algoritmo de aprendizagem?
Fala-se em IA nas escolas, mas a realidade é que ainda lutamos por marcadores para os quadros e claro uma internet que funcione. De certa forma, esta, está a transformar a educação, mas o governo português, está sempre um passo atrás. Enquanto Silicon Valley já tem robôs a ensinar matemática, por cá as “escolas digitais” são salas de aula normais com tablets desatualizados. Talvez a IA devesse começar a ser usada para otimizar a gestão do próprio governo, porque claramente há muito que aprender e não é só para os alunos!
Agora, o que todos estavam à espera: os exames do 9.º ano em formato digital. Nada de rascunhos ou folhas amachucadas. És só tu, o ecrã e o medo de o sistema falhar. Se antes rezávamos para que o papel não estivesse amaldiçoado, agora torcemos para que a ligação Wi-Fi não nos abandone na hora H. Imagine-se este cenário: um aluno a pedir tempo extra no exame porque o cursor “não estava a colaborar”. Será este o futuro da educação, onde a nossa capacidade de raciocínio é medida pela habilidade de lidar com falhas técnicas? Mas nem tudo é caótico. A IA também pode ajudar a reduzir a distância entre os alunos mais fortes e aqueles que precisam de mais apoio. Com os tão adorados chatbots, explicações instantâneas e tutoriais disponíveis 24 horas por dia, a sala de aula começa a parecer um café aberto toda a noite, onde o professor nunca se cansa de explicar pela milésima vez o Teorema de Pitágoras. Tudo a um clique de distância. Agora, até os algoritmos corrigem os nossos testes e apontam os nossos erros com a precisão de um cirurgião, eliminando aquele pesadelo de esperar semanas pela nota final.
Mas, há um porém. Estamos a formar alunos ou robôs que apenas repetem aquilo que lhes foi “programado”? A criatividade, essa capacidade de improvisar, pode estar em risco! A IA vai ser capaz de reconhecer uma resposta fora da caixa, ou vai considerar que foi só um erro no código? No fim de contas, o impacto da IA na educação é inevitável, mas será que os alunos do futuro vão celebrar ou temer este avanço tecnológico? Talvez, quando olharmos para trás, vamos rir das aulas de “TIC” em que aprendíamos a formatar o Word.
Quem sabe, no futuro, fazer um exame será mais uma questão de carregar na tecla certa do que decorar fórmulas. Só esperamos que, nesse novo mundo, o “Ctrl+Z” também funcione para corrigir as nossas respostas erradas no exame!
Inês Prenda*
*Estudante do 9.º ano, na EBS Tomás de Borba