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Paulo Pereira: a importância do investimento da diáspora em Portugal

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.
Nos vários exemplos de empresários lusos da diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso de Paulo Pereira.
Natural de Felgueiras, concelho situado a norte da região do Vale do Sousa, partiu em tenra idade, no ocaso dos anos 60, com a família para França, que na esteira de milhares de compatriotas demandaram na pátria gaulesa melhores condições de vida. O trabalho, esforço e resiliência, valores coligidos no seio familiar, transformaram o empreendedor luso-francês com formação em Direito e cujo percurso socioprofissional inicial computou experiências laborais em seguros, e no ramo agroalimentar, num dos mais proeminentes empresários da comunidade portuguesa em França, a mais numerosa das comunidades lusas na Europa.
Para tal, muito contribuiu o facto, de há mais duas décadas ter fundado, em Orleães, a Agribéria, umas das maiores empresas de distribuição alimentar em França. E ser ainda, proprietário da cadeia de supermercados Panier du Monde, que se encontra presente em várias cidades gaulesas. Contexto empreendedor, que acentuou a aposta de Paulo Pereira no chamado “mercado da saudade”, alargando as ofertas dos produtos lusos ao mercado francês, desde logo, ao nível da distribuição de vinhos portugueses.
A paixão pelo vinho português, o mérito e a visão estratégica, impulsionaram Paulo Pereira, em conjunto com a sócia Maria do Céu Gonçalves, que também em tenra idade rumou com os pais, naturais de Vila Real, em direção ao território francês, a adquirir em 2012, a histórica Quinta da Pacheca, no Douro.
O investimento inicial de quase três milhões de euros dos empreendedores da diáspora na Quinta da Pacheca, ao impulsionar a modernização do negócio vinícola e a alicerçar um complexo enoturístico de referência no Douro. Realça, paradigmaticamente, a importância da diáspora no desenvolvimento e projeção de Portugal no mundo.
Desde então, os investimentos de Paulo Pereira e do casal Maria do Céu Gonçalves e Álvaro Lopes no setor do vinho em Portugal não se ficaram apenas pelo Douro. Expandiu-se para outras regiões vitivinícolas, criando uma rede de propriedades, que aliando a produção de vinhos de qualidade à hospitalidade de excelência, formaram no final de 2020, o Grupo Terras & Terroir, na sequência da compra do projeto Caminhos Cruzados, em Nelas.
Rebatizado no alvorecer deste ano Pacheca Group, numa mudança estratégica que visa fortalecer a associação do grupo à sua marca mais icónica, o projeto dos emigrantes portugueses, engloba já, além da Quinta da Pacheca, no Douro, e a Caminhos Cruzados, no Dão. Conjuntamente, com a Quinta do Ortigão, na Bairrada, produtora de espumantes de excelência; a Quinta Valle de Passos, em Trás-os-Montes, com o Olive Nature Hotel & Spa; a Quinta de São José do Barrilário, no Douro, com vinhos e um hotel de cinco estrelas; as Vila Marim Country Houses e o Hotel da Folgosa, no Douro; a Ribafreixo Wines e a Herdade da Rocha, no Alentejo; e o POT, no Porto.
Os investimentos de Paulo Pereira, em Portugal, preparam-se a breve trecho para alargarem-se, inclusivamente, ao setor da aviação. Através do consórcio Newtour/MS Aviation, que propôs a entrada de Carlos Tavares, antigo CEO da gigante de automóveis Stellantis, que chegou a França ainda adolescente para estudar, e do empresário ligado à Quinta da Pacheca, para robustecer a proposta de privatização da Azores Airlines. Uma companhia subsidiária do Grupo SATA, licenciada para operar voos no exterior dos Açores ligando o arquipélago à Europa e América do Norte.
Um dos mais relevantes investidores da diáspora em Portugal, a trajetória de vida de Paulo Pereira, que tem contribuído decisivamente para a afirmação internacional do país, para o desenvolvimento do tecido económico nacional, assim como para a promoção e valorização dos territórios, escora a asserção de Fernando Pessoa: “O povo português é, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo”.

Daniel Bastos

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