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Academias consideram “um abuso” – Governo dos EUA quer cancelar apoio a universidades portuguesas, incluindo a dos Açores

O Governo dos Estados Unidos cancelou um programa a algumas universidades portuguesas (American Corner) que permitia ter nas suas instalações um espaço de divulgação da cultura americana, tendo as instituições portuguesas sido questionadas sobre ligações a organizações terroristas.
A Universidade dos Açores foi dessas academias portuguesas que recebeu o questionário dos Estados Unidos da América.
A Reitora, Susana Mira Leal, disse que a Universidade dos Açores não respondeu, por considerar “inadequado” e admitiu estar preocupada com o possível encerramento do American Corner.
Outras universidades também se recusaram a responder, o que foi considerado por sectores diplomáticos portugueses como a atitude mais correcta, uma vez que os EUA não têm jurisdição sobre as universidades portuguesas, considerando a atitude da administração americana “um abuso”.
O presidente do Instituto Superior Técnico (IST), Rogério Colaço, disse que também recebeu em 5 de Março a comunicação do cancelamento, com “efeito imediato”, do programa “American Corner” e, no mesmo dia, um inquérito com “questões bastante desadequadas” sobre se o IST colaborava ou não, ou era citado ou não em acusações ou investigações envolvendo associações terroristas, cartéis, tráfico de pessoas e droga, organizações ou grupos que promovem a imigração em massa.
“O Técnico respondeu que não iria responder ao questionário porque não se adequava a uma instituição de ensino superior pública sujeita a escrutínio público e legal de um país democrático membro da União Europeia”, afirmou Rogério Colaço.
Segundo o presidente do IST, a comunicação do cancelamento do programa, seguida de um questionário, cita uma determinação emanada do Departamento de Estado norte-americano.
Em Portugal, os chamados “espaços americanos” ou “american corners”, financiados pelo Governo norte-americano e que a Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa descreve como “centros de informação e cultura”, são seis e funcionam todos em instituições universitárias.
Além do IST, as universidades dos Açores, Aveiro, Porto (Faculdade de Letras), Lisboa (Faculdade de Letras) e Nova de Lisboa (Faculdade de Ciências e Tecnologia) têm estes espaços.
Também o diretor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), Hermenegildo Fernandes, disse que recebeu o mesmo questionário, que o deixou estupefacto pela “dimensão do descaramento” das perguntas, nomeadamente sobre “agendas climáticas”, se a instituição tinha “contactos com partidos comunistas e socialistas” ou “relações com as Nações Unidas, República Popular da China, Irão e Rússia” e o “que fazia para preservar as mulheres das ideologias de género”.

A faculdade optou igualmente por não responder ao questionário, notando que “a sua dependência é com as políticas científicas de Portugal e da União Europeia”, adiantou o diretor da FLUL, sem clarificar se o programa “American Corner” foi cancelado ou não à faculdade, que tem um “espaço americano” a partilhar instalações próximas com o Instituto Confúcio, entidade oficial da China que promove a cultura e a língua do país.
Contactada a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a direção da instituição indicou, sem mais detalhes, que o “American Corner” é “um projeto anual que terminará em Setembro”.
“Estamos a avaliar a hipótese de nos candidatarmos à continuação do projeto ou não”, acrescentou a faculdade numa breve declaração.
“Temos excelentes relações com todos os seis ‘american corners’ e continuaremos a colaborar numa série de programas e iniciativas que promovam os nossos objetivos comuns”, disse a porta-voz da embaixada norte-americana em Lisboa, Marie Blanchard, sem responder diretamente a uma questão, mas enaltecendo que os espaços americanos “demonstram o poder inigualável dos Estados Unidos como líder económico e de inovação”. De acordo com o portal da Embaixada dos Estados Unidos em Portugal, os “espaços americanos” totalizam mais de 600 em mais de 140 países e estão localizados, designadamente, em universidades, centros comerciais, bibliotecas e instalações de embaixadas.

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