A política, queiramos ou não, acaba fazendo parte do nosso quotidiano, principalmente para quem a viveu com alguma intensidade nos anos setenta, filiado no Partido Popular Democrático. Digo, filiado e respeitado! Pelo menos enquanto me alheei da crítica, mesmo que construtiva ao partido e aos seus dirigentes… Perante isso, e, embora nunca tenha renunciado oficialmente ou entregue o meu cartão de identidade de militante, estou proibido de votar para qualquer órgão do partido, seja este Regional ou Nacional, baseados no argumento, de que o tinha de renovar. Mesmo assim, se decidir dar o meu apoio nas redes sociais ou páginas dos jornais a uma candidatura, sou deveras aplaudido…
Não sou o único arredado para o lado por esta nova geração de políticos, nem acontece apenas no Partido Social Democrático. Tantos já falecidos e outros ainda vivos, que são considerados como peças descartáveis! Faz-me lembrar este escrito do PENSADOR: “Vivemos num mundo onde as pessoas são descartáveis. Se elas fazem o que querem que elas façam, valem alguma coisa. Caso contrário, elas nunca valeram nada”
Ajudei a construir a primeira sede do partido na Praia da Vitória e fui o primeiro Presidente eleito para a Assembleia Municipal do meu Concelho. Isto no tempo, em que os licenciados e não só, andavam indecisos, sem saber para onde a coisa dava…
Hoje arredado da política ativa, mantenho ainda os meus ideais democráticos, inspirados na Social Democracia!
Poderei dizer que ganhei alguma experiência de vida, enquanto monetariamente só tive prejuízos! Apesar de o maior de todos, ter sido o tempo que perdi da minha família, quando andava defendendo tachos e “tachinhos”, para a geração desse tempo e para as vindouras…
Não esqueçamos que nessa altura, nem havia compensação de presença nas reuniões como existe hoje… Essas benesses, foram sendo criadas pelos partidos, em proveito próprio, ao longo dos 50 anos da existência da democracia. Como exemplo, temos no momento o anunciado apoio de financiamento aos partidos políticos, aprovado na Região Autónoma dos Açores, embora com a redução de 50% no seu atributo. Isto, naturalmente com alguma vergonha de o aprovarem na totalidade, considerando o atual endividamento da Região e o sobejamente conhecido estado de pobreza da sua população…
Poderão perguntar, mas a que respeito vem ele com a política para aqui? Isto apenas para vos dizer, que me sinto à vontade para expressar qualquer opinião política, porque nunca dependi, nem dependo dela para nada!
Sá Carneiro foi o meu ídolo! Respeitava Álvaro Cunhal, por ser apenas e só aquilo que era! Não gostava de Mário Soares, embora reconheça todo o contributo que deu à democracia. Gostei de António Guterres, adorei Ramalho Eanes, dececionei-me com Cavaco Silva, nunca alinhei com César, mas simpatizava com Vasco Cordeiro! Sinto apreço por Luís Garcia e tenho Bolieiro como um homem sério, embora discorde de algumas das suas opções. Quis apenas citar alguns nomes e mostrar a todos os meus leitores, que estou à vontade para dizer que não só Sócrates, mas tantos outros dos diversos partidos que tem governado Portugal e, conduzindo-o por vezes, à recessão e ao descalabro, se num país verdadeiramente democrático e com uma justiça a funcionar no seu todo, deviam estar atrás das grades!
Fernando Mendonça