O Ministério Público acusou um adolescente português de instigar um massacre numa escola no Brasil, há dois anos. Terá utilizado as redes sociais para convencer outros adolescentes. Era a partir de casa, onde vivia com os pais, em Santa Maria da Feira, que o adolescente de 17 anos, conhecido por “Mikas”, instigava outros jovens a cometer crimes, aproveitando-se das suas vulnerabilidades emocionais e psíquicas.
De acordo com a acusação, a que o jornal Público teve acesso, usava o Discord, uma rede social popular entre os adolescentes. O jovem português liderava um grupo intitulado “The Kiss”, que operava também no TikTok e no Telegram. O objectivo era transmitir conteúdos violentos para angariar o maior número de seguidores.
Entre esses seguidores estava um jovem brasileiro que, em 2023, se dirigiu à escola que frequentava em São Paulo e disparou contra quatro estudantes, tendo provocado a morte de uma rapariga com um tiro na nuca.
Também fazia parte dos planos do grupo matar uma pessoa sem-abrigo num terminal rodoviário, cobrando uma taxa para os utilizadores do Discord acompanharem o assassinato em directo. Esta e outras tentativas de massacre só não foram consumadas porque as autoridades agiram a tempo de as evitar. O jovem português também tentou que outros jovens cometessem suicídio.
Da lista de crimes de que o português está acusado pelo Ministério Público, consta ainda a partilha de vídeos de abusos sexuais de menores, incluindo bebés, e a tortura de animais.
“Mikas” só viria a ser detido seis meses após o massacre na escola do Brasil, altura em que os pais tomaram conhecimento dos actos do filho. O jovem português, que se encontra em prisão preventiva, não evidenciou nenhuma doença psiquiátrica, apenas a ambição de ganhar popularidade.