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Mandar os nossos filhos para a guerra?

Quando o tema foi a NATO, os candidatos presidenciais Cotrim de Figueiredo e Gouveia e Melo estiveram de acordo em mandar os nossos filhos para as guerras que os impérios têm vindo a engendrar, “porque temos um compromisso com os nossos parceiros”. Com isto implicitamente se decreta que “se o dinheiro escorre para as armas e para a guerra, terá naturalmente de secar para os hospitais e para as escolas” (Tiago Franco).
Efetivamente, na proposta de Orçamento de Estado consertado entre o governo de Montenegro e o PS, há um aumento de 14,5% para a “defesa” (“guerra”, segundo Donald Trump) e de apenas 1,5% para a saúde. O desinvestimento na educação, na saúde ou na agricultura no Orçamento Regional das direitas, conforme o presidente da Associação Agrícola de S. Miguel denunciou e bem, tem certamente alguma coisa a ver com a guerra da Ucrânia e a política de canhoneira decretada pela cúpula não eleita da Comissão Europeia, onde pontificam atualmente Ursula Von der Leyen e António Costa.
Trump oficializou as hostilidades com o recém-criado Departamento de Guerra e, na sua esteira, perdendo toda a vergonha, sem grande contestação do governo francês, ao contrário do que se passou com a maioria da oposição parlamentar, coube na passada semana ao general Fabien Mandon, chefe do Estado Maior do Exército francês, vir a publico, invocando um ficcionado confronto com a Rússia para daqui a uns anos, afirmar que a França deve estar preparada para começar a fazer sacrifícios económicos e outros, incluindo aceitar a perda dos seus filhos em combate.
O certo é que, em prejuízo criminoso e desumano de povos e nações inteiros, parece estar sendo decretado pelas grandes potências mundiais e à margem da ONU um desregrado estado generalizado de guerra, de insegurança, de ameaças e de medo disseminados por todo e qualquer recanto do planeta.
E não nos iludamos com cessar-fogos precários ou negociações de paz quando a iniciativa parte das próprias potências responsáveis pelo desencadeamento ou desenvolvimento dos dois conflitos atualmente mais em foco: Ucrânia e Palestina.
Garantidos os lucros com o negócio das terras raras e das grandes empresas de armamento norte-americanas à custa dos orçamentos europeus e da NATO para a Ucrânia, e preparando-se para aplicar, utilizando os ativos russos sequestrados, os seus fundos de investimento na reconstrução, o fim desta guerra tornou-se conveniente para os EUA. O mesmo se passou também na Palestina: Face à crescente contestação mundial do genocídio, ficou aprovado na ONU, por iniciativa dos EUA, um cessar-fogo de fachada, preservando assim os contratos petrolíferos em vigor com os países árabes, e assegurando a capturado petróleo sírio, mesmo sem salvaguardar minimamente a dignidade do Povo Palestiniano ou o direito à criação do seu próprio Estado, e sequer o fim da agressão genocida do Estado terrorista de Israel (342 palestinianos mortos em 45 dias, à média de duas crianças por dia).
Criada a necessária folga nas suas despesas diretas com aquelas duas frentes, e aproveitando-se para o efeito da boleia oferecida pela escolha (inacreditável) do Nobel da Paz deste ano, chegou assim, para a administração norte-americana, à pala da artimanha do combate à droga e ao terrorismo, mais uma boa oportunidade de transumarem a guerra para outro canto do planeta, voltando desta vez ao “quintal” da América Latina, com o foco num dos Estados insubmissos ao seu domínio: a Venezuela e as suas cobiçadas reservas petrolíferas.
Mário Abrantes

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