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Burnout: Do Cansaço ao Alerta Vermelho

Vivemos numa era em que a produtividade é quase o único critério de reconhecimento social e mérito pessoal. O cansaço foi glorificado e expressões como “estou exausto” ou “estou esgotado” tornaram-se medalhas de honra. No entanto, existe uma linha ténue e perigosa entre ser produtivo e sucumbir ao esgotamento – e é aí que se infiltra um inimigo silencioso: o burnout.
Mais do que simples fadiga, o burnout é um estado profundo de exaustão emocional, física e mental, provocado pela exposição contínua a elevados níveis de stress e sobrecarga. Acordamos já sem energia, o dia pesa, e sentimo-nos como um motor forçado a trabalhar sem óleo – sem motivação, sem prazer, sem força para enfrentar a rotina.
O burnout não se instala de um momento para o outro. Surge de forma gradual, mascarado por sinais tão subtis que facilmente os atribuímos a cansaço passageiro ou a uma noite mal dormida. Como identificá-los? Tira um momento para refletires e pergunta-te:
Sinto-me constantemente cansado, mesmo depois de descansar?
Tenho dificuldade em concentrar-me, tomar decisões ou lembrar-me de tarefas simples?
Sinto-me mais irritado, apático ou emocionalmente distante?
Ir trabalhar ou até levantar-me da cama tornou-se um esforço descomunal?
Perdi o interesse por atividades que antes me entusiasmavam?
Sinto-me cada vez mais esmagado pelas responsabilidades?
Tenho deixado de reservar tempo para cuidar de mim e fazer o que me dá prazer?
Se respondeste “sim” a várias destas questões, talvez seja altura de parar, respirar e olhar para ti com mais atenção.
Prevenir o burnout é possível e começa com pequenas, mas importantes, mudanças no quotidiano. Reconhece os teus limites e aprende a dizer “não” quando necessário, sem culpa por priorizares o teu bem-estar. Define horários equilibrados, desliga as notificações, limita o tempo no digital e permite ao teu cérebro momentos de verdadeira pausa.
Pratica exercício físico regularmente – não precisas de te tornar atleta: uma simples caminhada de vinte minutos já traz benefícios notáveis. Valoriza o autocuidado: reservar tempo para o lazer, o prazer e o descanso não é um luxo, é uma necessidade fundamental para a saúde mental.
O burnout é o teu corpo e mente a pedir ajuda. Escutar este alerta é um gesto de coragem e auto-respeito. Não se trata de fraqueza, nem de dramatização – é um sinal claro de que algo precisa de mudar. Ouçamos este grito antes que se transforme num silêncio devastador.
Porque, no final de contas, nenhum sucesso vale a perda de nós mesmos.
Cuida de ti. Prevenir o burnout é, acima de tudo, um ato profundo de amor-próprio.
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os açorianos!
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Daniela Câmara *

*Psicóloga

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