O Presidente da Assembleia Regional dos Açores, Luís Garcia, disse ontem, na tomada de posse, do novo governo dos Açores, que “o descrédito é seguramente um dos maiores perigos que a democracia enfrenta”.
“Com o início de uma nova legislatura e a chegada de novos agentes políticos, nunca é demais lembrar o peso da responsabilidade que assumimos em nome do povo açoriano, e do exemplo, atitude e ética que cada um de nós deve colocar no exercício do seu mandato”, acrescentou.
“Sinto que mais do que nunca os olhos dos açorianos acompanham-nos e reclamam decisões sensatas. Pedem-nos coisas simples. Tão só que os seus representantes conversem e construam soluções sem a necessidade de recorrermos a eleições, a cada desentendimento. Não se trata de coartar a liberdade e o direito à manifestação da diferença nem a construção e afirmação de alternativas políticas, vitais, aliás, para a própria democracia. São coisas bem distintas que não devem impedir o esforço na construção dos consensos necessários à governação da Região. Este exercício aprofunda e fortalece a democracia, a autonomia e as suas instituições. E pode constituir uma valiosa oportunidade para revitalizar a percepção pública sobre a política e os políticos, que frequentemente são vistos de forma desfavorável pelos cidadãos”, adiantou.
“Somo servidores da causa pública. Sempre que no exercício dessa nobre missão colocamos em causa esta condição ou enveredamos por outros interesses, enfraquecemos a democracia e a reputação das instituições e da nossa atividade”, disse ainda Luís Garcia, para, logo a seguir, fazer um apelo: “Deixo aqui o apelo, digo mesmo a exigência, para que actuemos de forma transparente, responsável e irrepreensível no plano ético. Quando assim actuamos cumprimos a nossa obrigação e seguramente contribuímos para reforçar a credibilidade e a confiança dos cidadãos em nós e nas instituições”.
Luís Garcia deixou outros alertas: “Queremos mais Autonomia. Para o efeito enviámos para a Assembleia da República diversas propostas que têm de ser renovadas. Além dessas, ambicionamos a alteração da Lei do Mar e a revisão da Lei das Finanças Regionais.
Queremos uma Região cada vez mais coesa e unida, com a procura incessante do desenvolvimento equilibrado de todas ilhas, que não é um custo para nenhuma, mas sim um benefício para os Açores.
Queremos aplicar bem os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, cujo calendário é apertadíssimo, e os fundos do Açores 2030.
Queremos responder aos desafios que a Região enfrenta, entre tantos outros, o demográfico, a fixação de jovens, o desenvolvimento económico sustentável, o combate à pobreza e a aposta prioritária na educação e na formação.
Queremos agir estrategicamente em relação às potencialidades do mar e do espaço, auspiciosas e singulares no País e na Europa”.
O presidente do parlamento terminou o seu discurso desejando “um bom trabalho” aos novos governantes.