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As grandes obras

Já se percebeu que o governo de Luís Montenegro quer deixar marca nesta passagem periclitante por S. Bento.
As grandes obras de outrora parecem voltar ao cardápio da República, numa linha talvez atabalhoada à Fontes Pereira de Melo.
Ora, o que é preciso é que este novo ‘fontismo’ não traga dissabores às ilhas, sempre renegadas para segundo plano quando se trata de grandes investimentos estratégicos.
O Estado tem sido um pai tirano para as suas próprias repartições nas Regiões Autónomas, onde quase tudo está degradado, esquecido e não cumprido.
Os exemplos abundam e não vale a pena voltar a eles, porque a lista é enorme.
A juntar à ingratidão da República temos agora o ministro das Infraestruturas a querer limitar o subsídio de mobilidade até um tecto de 600 euros, quando todos sabemos que as companhias aéreas cobrem, inúmeras vezes, muito mais do que isso.
É preciso que esta ideia não vingue, porque se passar na Assembleia da República é o PSD que vai ficar com o rótulo de carrasco do actual modelo.
O PS dos Açores já se comprometeu – e muito bem – a não aprovar esta alteração.
É preciso que Paulo Moniz e o PSD-Açores digam, também, NÃO a esta alteração.
Mas os problemas não vêm só do Estado.
São, também, as suas concessionárias, como é o caso da ANA.
A empresa que explora os aeroportos nos Açores, nomeadamente o de Ponta Delgada e da Horta, tem assumido uma atitude arrogante e negligente nos dois aeroportos.
No de Ponta Delgada tardam as obras de ampliação da aerogare e no da Horta fazem-se de esquecidos quanto à ampliação da pista.
Agora, ficamos a saber que a ANA assinou um contrato de empreitada para reforço da pista do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, num investimento de 50 milhões de euros.
Com esta operação, a ANA diz vai “reforçar as condições operacionais do aeroporto, sendo esta a maior intervenção realizada na pista desta infraestrutura”.
Nada contra, pelo contrário.
O que se questiona é o critério da ANA: os aeroportos que explora, até ao tutano, só existem no rectângulo?
E os das ilhas? Ficam para as calendas gregas?
É preciso que os órgãos de governo dos Açores sejam mais pro-activos na defesa dos interesses do povo açoriano.
Assistir, passivamente, a estas atitudes de discriminação, só nos desmotiva a todos, levando a concluir que andamos, novamente, como nos tempos dos Governos Civis, de chapéu na mão.
Temos de ser enérgicos com as nossas causas e não nos deixarmos espezinhar por aqueles que não nos respeitam.
Bolieiro já devia ter solicitado uma cimeira com Montenegro, porque há muitos “escolhos” que começam a surgir entre a República e as Regiões Autónomas.
Ao mesmo tempo, é preciso darmos o exemplo cá dentro e não fazermos com as nossas ilhas o que os poderes centrais fazem connosco.
O caso do porto de Ponta Delgada, denunciado esta semana pelos empresários de S. Miguel, é apenas um dos exemplos da péssima estratégia dos últimos governos (PS e coligação) ao deixarem ao abandono uma infraestrutura estratégica para toda a economia açoriana.
É uma vergonha o que se passa no porto de Ponta Delgada, com a falta de investimentos e a sua completa degradação na área opertacional.
Outra grande obra “esquecida” é a da ampliação da pista do Pico, que já cheira mal, com tantos estudos, tantos grupos de trabalho, tantas promessas e não se vislumbra nenhum avanço.
Os açorianos não dormem. Embora pareça.

Osvaldo Cabral
[email protected]

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